“O esporte me salvou. Fez eu tirar o foco da doença”. A frase de Andreia Legramante simplifica o seu “corre” diário. Ela não para! Além de trabalhar como corretora de imóveis, nada, pedala e corre, exatamente nesta ordem, afinal é triatleta e se prepara para o IronMan, em Kona, no Havaí, marcado para outubro.
Andréia atendeu a reportagem do Sistema Sagres por telefone na manhã de sexta-feira, dia 1º de setembro, por volta de 11 da manhã: “Andreia, já treinou hoje? Que horas?”
“Sim. Corri 30 quilômetros na Ricardo Paranhos. Comecei às 5 da manhã”, respondeu a triatleta, que enquanto falava conosco, já se dividia com os deveres da imobiliária onde trabalha. Tudo “tranquilo”, afinal no início de 2023, Andreia encarou a recuperação contra um câncer em meio à correria do dia a dia.
“Tive uma crise, tiraram o apêndice, fizeram a biópsia e tinha um tumor raro”, disse Andreia, que não precisou fazer quimioterapia, no entanto, tomou muitos medicamentos que afetaram seu desempenho nos treinos diários para o IronMan de Florianópolis realizado no mês de maio, quando conquistou o índice para a competição mundial no Havaí.
“Foi um tratamento muito pesado com antibióticos, vários exames para ver se o câncer tinha avançado. Fiquei 20 dias sem treinar, depois voltei aos treinos para a competição em Floripa, muito debilitada, pois emagreci muito e nenhum alimento parava no meu intestino, não absorvia os nutrientes. Meus treinos foram adaptados com a minha condição física, mesmo assim continuei, fui para Florianópolis, conquistei pódio e o índice para o Iron no Havaí”, descreveu a triatleta, que tinha escolhido a competição em Santa Catarina para comemorar seu aniversário de 50 anos.
“Como sempre digo, tudo o que aconteceu em Florianópolis foi um presente de Deus”.
Trajetória
Andreia conheceu e se apaixonou pelo triatlo há mais de 20 anos, quando foi acompanhar um professor – da academia onde malhava – participar de uma prova. Correr e pedalar, tudo certo, mas a natação era um problema.
“Eu tinha uns 26 anos quando decidi praticar o triatlon. Foi aí que tive de aprender a nadar. Lembro que quando falei para o professor que não sabia nadar, a expressão dele foi nítida, de desânimo, mas seguimos, ele teve paciência e com seis meses de aulas de natação já me enfiei em uma prova de triatlo”, recordou Andréia, uma das três competidoras que representará Goiás no Havaí.
A prova
Na prova, agendada para outubro no Havaí, os competidores têm de nadar 3,8 km, pedalar 180km e fazer uma maratona de 42,195 km, no tempo máximo de 17 horas. Participar de provas internacionais de triatlo não é uma novidade para Andreia, no entanto, o IronMan no Havaí será o primeiro. Experiente, está qualificada para a categoria 50 – 54 anos. Questionada se tem a sua modalidade preferida, foi direta, embora precisa se aperfeiçoar em todas.
“Pra mim é mais fácil o pedal. Porque a natação é sempre uma tensão já que é em mar aberto. A corrida é de 42 quilômetros, depois de pedalar 180 quilômetros, então pedalar é mais tranquilo”, detalhou Andreia, que corre, também, para conseguir grana e viabilizar sua viagem até Kona, no Havaí.
A rifa
No bate-papo com a reportagem da Sagres, Andreia revelou que as passagens para o Havaí custam cerca de R$ 30 mil (ida e volta). Por causa do custo alto, não vai com sua equipe. Sua filha, Suzana, é quem vai acompanha-la por conta própria. Para inteirar o dinheiro, está rifando uma bicicleta de competição.
“Tenho 35% do valor necessário para a viagem. Recebi uma ajuda da URBS e ainda estou alinhando um outro patrocínio com a empresa Nova Harmonia”, destacou a atleta, que para completar os outros 65% do valor da viagem, está vendendo uma rifa de uma bicicleta. O sorteio será realizado dia 20 de setembro, e os cupons podem ser adquiridos pelo link: https://rifa321.com/rifa/acao-entre-amigos-estou-rifando-minha-cannondale-supersix-evo-para-realizar-o-sonho-de-ir-ao-mundial-do-ironman-em-kona
Inspiração
Cabeça boa. Andreia fez questão de dizer que sempre procurou pensar positivamente. “A saúde mental foi a parte mais fácil. Foi de boa. Eu foquei na vida, que Deus me daria mais uma chance. O esporte me salvou”, ressaltou a atleta, que procurou discrição em meio ao tratamento.
“Eu não queria externar minha história, para não parecer que queria tirar proveito. Só meus amigos próximos e parentes sabiam da minha luta. Procurei não me vitimizar. Ser inspiração para outras pessoas é muito legal. É bom que as pessoas saibam que existem pessoas com doenças graves que não se entregam. Porque a verdade é só uma: a doença toma conta quando a gente se entrega”, finalizou a triatleta.
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