Marconi Perillo (Foto: Reprodução / Internet)

Em 1998 ocorreu a combinação de três elementos essenciais à vitória de um candidato: desejo por renovação política, um nome com perfil de mudança e um projeto político-administrativo. A oposição à época identificou no deputado federal Marconi Perillo, com 34 anos de idade, o candidato que atendia às aspirações do eleitorado. Elaborou um documento batizado de Goiás Século 21.

O publicitário Renato Monteiro integrava a equipe de marketing da campanha e explica que o documento criou um conceito. Para o publicitário, Nerso da Capitinga, o personagem do ator Pedro Bismark, e a panelinha, bordão usado para criticar a presença da família de Iris Rezende em sua chapa, e que fizeram muito sucesso à época, apenas popularizaram esse conceito.

O Presidente regional do PSDB, o deputado federal Giuseppe Vecci, um dos formuladores do documento, relembrou à Rádio Sagres que o documento tinha seis eixos: economia e infraestrutura; programas sociais, modernização da máquina pública, combate aos desequilíbrios regionais e ambientais; e mudanças nas práticas políticas.

De acordo com o deputado federal, esse plano foi a base dos dois primeiros governos de Marconi Perillo, entre 1999 e 2006. O governo fez reforma administrativa, com foco no enxugamento da máquina pública e na eficiência da gestão. Reduziu os cargos de caráter político, como secretarias especiais e extraordinárias; substituiu empresas públicas por agências e desburocratizou o Estado com os Vapt Vupts. Regularizou o pagamento dos servidores públicos, instituiu plano de cargos e salários e reajustou vencimentos. Criou programas sociais como o bolsa universitária, Banco do Povo e Renda Cidadã.

Criou o Produzir, programa de incentivo à industrialização que se somou ao Fomentar, aprovado na gestão de Iris Rezende. Para o governo, foi aí o início do forte crescimento econômico de Goiás nos últimos 20 anos.

O vigor da economia goiana é o principal discurso de defesa dos governos de Marconi. Na realidade, a curva de participação de Goiás no PIB (o Produto Interno Bruto) do Brasil embicou para cima já a partir de 1995, mas a velocidade de crescimento aumentou depois do ano 2000.

Em 1998 o PIB goiano era de 21 bilhões e 100 milhões de reais. Em 2015, último dado disponível, chegou a 173 bilhões e 600 milhões de reais. Nesse período o PIB do Brasil teve crescimento real de quase 60% e o de Goiás, superior a 91%.

Giuseppe Vecci admite que a dificuldade do poder público de devolver serviços de qualidade ao cidadão é uma das razões do degaste dos políticos atualmente. É o caso da segurança pública, um dos serviços de maior impacto da vida das pessoas, que melhorou em 20 anos.

Os índices de criminalidade cresceram em Goiás. O Atlas da Violência, estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta aumento de 104% no número de homicídios em Goiás entre 2005 e 2015.

A taxa de mortes violentas intencionais chegou a 42 por 100 mil habitantes, bem superior à média nacional, de quase 30 por 100 mil. Mata-se mais em Goiás do que no Rio de Janeiro, sob intervenção federal. Lá, ocorre uma média de quase 38 homicídios por 100 mil habitantes. O governo justifica que esses índices vêm caindo desde 2016.

Se a economia mudou, o mesmo não se pode dizer da prática política no Estado. Especialistas e aliados do governador afirmam que ele modernizou a gestão pública, mas foi tradicional na política. Marconi começou a fazer concessões políticas em sua segunda gestão. Recriou secretarias de caráter meramente político e manteve as práticas de negociação de cargos em troca de apoio político.

O cientista político Itami Campos diz que a economia e a gestão mudaram muito nesses 20 anos, mas observa que não houve ruptura com formas tradicionais da política.

O ex-secretário Vilmar Rocha ajudou a criar a aliança que elegeu Marconi em 1998. Ele destaca que houve melhorias nas áreas social, econômica e em infraestrutura, mas também ressalva que não houve avanços políticos.

Professor de comunicação da UFG, Luiz Signates acredita que há duas eras Marconi Perillo, antes e depois de seu mandato de senador, entre 2007 e 2010. Considera a primeira era “mais produtiva e moderna” que a segunda.

Foi exatamente no terceiro mandato que Marconi começou a enfrentar desgastes. Primeiro com as contas públicas. O deficit entre receitas e despesas revelou-se crítico. O presidente do PSDB, Giuseppe Vecci, reconhece que o custeio da máquina continua muito alto para a sociedade.

A deflagração da Operação Monte Carlo, em especial durante a CPI do caso Cachoeira no Congresso Nacional em 2012 também afetou a imagem do governador. E por fim, veio a crise econômica que atingiu fortemente os Estados e os municípios.

Ainda no terceiro governo Marconi fortaleceu o atendimento às demandas dos partidos de sua base e deu prioridade a obras de infraestrutura. O chamado “Goiás na Frente” destinado aos municípios têm forte semelhança com o Programa de Pavimentação Asfáltica, o PPA, do governo de Henrique Santillo nos anos 90.

Depois de 20 anos no poder, o governador Marconi Perillo enfrenta o que os marqueteiros chamam de “desgaste de material”. Sua rejeição, medida por pesquisa Serpes/ realizada em novembro, era de 40,2%. Como em um longo casamento, a relação do tucano com a população sofreu um desgaste natural. E muito por conta da política.

Desde março de 2017, quando lançou seu último plano de investimentos em obras, o governador fez cerca de 300 viagens ao interior do Estado, segundo sua assessoria. Fez dezenas de discursos e concedeu várias entrevistas. Marconi fala que construiu um “novo Goiás”.

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