A edição 150 do Podcast Debates Esportivos trouxe detalhes sobre como funciona o tão falado fundo soberano da Arábia Saudita, que nas últimas semanas, gastou milhões e milhões de dólares com contratações de jogadores e técnicos de futebol para os quatro principais clubes do país.
Considerada a pior ditadura existente no mundo, a Arábia Saudita tem seus donos, todos comandados pelo Rei Salman, mas pelo visto, mudar a imagem do país parece ser (também) uma das prioridades de quem comanda. E nada melhor do que o esporte mais popular do planeta, o futebol, para colocar o plano em prática.
“Não há nada no mundo que tenha mais visibilidade do que o esporte”, definiu Norberto Salomão, professor de história e geopolítica e um dos apresentadores do Sistema Sagres de Comunicação.
Fundo Soberano
De onde vem todo dinheiro da Arábia Saudita para a criação em 1971 do fundo soberano? O professor Norberto Salomão deu detalhes de como os sauditas utilizam todos os seus recursos, no caso, para mudar a imagem de uma cruel ditadura.
“A China tem, Singapura tem, o Brasil já teve. O dinheiro vem através da exploração de algum recurso mineral, no caso da Arábia é o petróleo, do extrativismo, e também da conta corrente do país, que é aquela balança de pagamentos, com entradas e saídas, então isso tudo compõe o fundo, que tem como objetivo, se preparar para momentos de crise e investir em áreas que consideram fundamentais”.
História
Além do futebol, os sauditas têm em outras modalidades, uma alternativa para mudança de imagem, como investimentos grandiosos na Fórmula 1 e a organização da mais rentável liga de Golfe no mundo. No entanto, “vencer” através do futebol tem um significado especial.
“Quem introduziu o futebol no mundo árabe foram os europeus. Então, os árabes não podiam praticar a modalidade porque eram considerados inferiores, já que o futebol era considerado um esporte de raça superior, de elite. Assim, gradualmente, os árabes começaram a praticar o futebol como forma de resistência. O futebol pra eles, é um elemento de pertencimento e identificação, então é um negócio muito forte para eles”, explicou o professor.
O campeonato
Saudi Pró League é o campeonato nacional saudita, que a partir da próxima temporada terá 18 clubes, que jogarão em dois turnos por pontos corridos. Tem como maior campeão o Al Hilal, com 18 títulos, que recentemente contratou o técnico português Jorge Jesus, ex-Flamengo.
“O futebol na Arábia Saudita não é uma brincadeira nova. Desde os anos 70 e 80 eles investem muito forte, mas é claro que agora aumentaram demais esse foco. Hoje acontece o investimento em jogadores consolidados no futebol europeu, não exatamente em fim de carreira. Claro que a ideia é trazer mais publicidade para o campeonato”, disse o jornalista Arthur Barcelos.
“Também tem a Copa do Rei Saudita, que foi criada em 1957, um ano depois da fundação da Federação Saudita. essa competição dá vaga para a Liga dos Campeões Asiática”, completou Arthur, que ressaltou que os sauditas tem mais vagas no Campeonato Asiático.
Estrelas
O craque português Cristiano Ronaldo, no futebol país desde o início do ano, foi quem puxou a fila para a chegada das grandes estrelas na liga árabe. Junta-se a ele no Al-Nassr, o técnico português Luis Castro, ex-Botafogo, e o meio campista Brozovic, da Inter de Milão.
A lista de estrelas é extensa. Até o fechamento desta reportagem, já tinham sido oficializados: Rúben Neves, meio-campista ex-Wolverhampton, e Koulibaly, zagueiro ex-Chelsea, no Al-Hilal; no Al-Ittihad, Benzema, atacante ex-Real Madrid, Kanté, meio-campista ex-Chelsea, e Jota, atacante ex-Celtic; já o Al-Ahli, fechou com Mendy, goleiro ex-Chelsea, e Firmino, atacante ex-Liverpool.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes
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