Na última quarta-feira (10), a ideia apresentada por Túlio Lustosa, gestor de futebol de Goiás, para retomar o Campeonato Goiano deu o que falar. O dirigente esmeraldino, que depois explicou sua proposta, além de terminar o torneio em campo, tem como objetivo também dar ritmo para os times que têm calendário para o restante do ano, embora a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ainda não dê uma previsão.

No projeto apresentado, Túlio Lustosa propôs que nenhum clube seria obrigado a participar do retorno da competição, o que implicaria não haver rebaixamento e retomar o campeonato já na fase final. Os confrontos do mata-mata, portanto, seriam definidos de acordo com o número de equipes envolvidas, com diversas hipóteses de três até oito participantes e diferentes cenários para a formatação do restante do torneio.

André Luiz Pitta, presidente da Federação Goiana de Futebol (FGF), explicou à Sagres 730 que “assim como a CBF tem vários planos para a retomada do futebol brasileiro, também temos vários planos para a volta do Campeonato Goiano, mas não adianta retomar sem saber em quais condições. Temos que unir todas as ideias e vamos ouvir todas as opiniões, com as condições que consigamos escolher, para terminar o Campeonato Goiano”.

Clubes da capital

Para Hugo Jorge Bravo, presidente executivo do Vila Nova, entrevistado durante o programa Toque de Primeira, “vemos até com surpresa (a movimentação do Goiás), porque, até um dado momento, o pessoal do Goiás não estava tão favorável ao retorno das atividades. Agora já estamos falando até em retorno do Campeonato Goiano, é sinal de que as coisas estão evoluindo”.

“Em relação à posição do Vila Nova Futebol Clube, não fomos comunicados pela federação e confiamos no presidente no sentido de estar tomando as melhores linhas de ações para a continuidade ou não do Campeonato Goiano. Mas pensamos primeiro que, para falar em retorno do Campeonato Goiano, temos que pensar em alguma também no sentido de compensação financeira”, ponderou.

O dirigente colorado ressaltou ainda que “fizemos um reajuste para a diminuição de custos nesse período. Retomar toda essa estrutura já para jogos ocasionaria despesas para nós e, em um campeonato que sabemos não se fala em público, temos que ponderar até que ponto é interessante esse retorno”.

De qualquer forma, “lógico que, desconsideração a questão financeira, para nós seria algo positivo, pensando em dar ritmo de jogo para os atletas e sabendo, inclusive, da problemática que é a diferença na preparação. Você pega Goiás e Atlético, que estão com 15 dias de preparação na nossa frente, considerando o nosso retorno agora dia 16”.

O Atlético Goianiense, por sua vez, entende que é a federação que precisa articular para o retorno do Campeonato Goiano, porém vê como positiva a movimentação do dirigente do Goiás. Presidente executivo-rubro-negro, Adson Batista afirmou que “primeiro tem que ver se tem time no interior (disposto ao retorno). Sou totalmente favorável voltar, mas tem que fazer nos mesmos moldes, não tem como mudar no meio do campeonato”.

Clubes do interior

Já Marco Antônio Maia, presidente do Goianésia, reforçou que o clube “está sempre aberto e disposto a continuar o campeonato. Queremos que o futebol volte, desde que dentro dos protocolos de saúde para todos os profissionais do futebol. Se a CBF e a federação entenderem que já possa voltar, o Goianésia está pronto para disputar esse campeonato e disputar dentro de campo, que é a melhor coisa a se fazer”.

Sobre a resposta acerca da ideia, lembrou que “temos um time esperando a Série D e para nós é mais fácil, porque temos muitos jogadores já conversados. Estamos acompanhando Distrito Federal e Santa Catarina, então acho que a tendência, realmente, é de todos os estados voltarem ao futebol”.

Por outro lado, sobre a fórmula proposta, “tinha que tentar dar condição para todos os times voltarem. Sentar, time por time, e a federação consegue isso, e tentar equacionar os problemas de cada time para tentar ajudar todos. É o mais justo, o poder econômico de um ou de outro não pode sobressair nesse momento tão difícil e a união é a melhor solução”.

Mais pessimista, Roberto Silva, presidente do Crac, que não foi procurado por Túlio Lustosa, ressaltou que “não temos como voltar agora”. Contrário à ideia de voltar o campeonato apenas com os clubes que se dispuserem, fez a ressalva de que seria injusto, já que a equipe de Catalão poderia não disputar a vaga na Série D de 2021 e propôs duas situações: “ou cancela o campeonato desse ano ou faz ele em dezembro”.

A ideia de terminar o Campeonato Goiano em dezembro também é compartilhada por Elvis Mendes, presidente da Aparecidense, assim como um eventual cancelamento do torneio de 2020. Para o dirigente, uma possibilidade seria terminar a competição no final do ano e emendar junto com a temporada de 2021, o que traria “menos gastos para os clubes”.

“Mesmo assim, precisaríamos de ajuda da Federação Goiana, através da CBF, que sabemos que tem recurso para isso, porque, mesmo para terminar o campeonato em dezembro, os clubes teriam que se apresentar antes e começar a pré-temporada. Isso envolve despesa e, para os clubes do interior, os recursos são muito escassos”, reforçou.

Em outra circunstância, “ou então que fosse declarado realmente esse Campeonato Goiano de 2020 nulo. Quanto à questão de Série D e Copa do Brasil, a CBF faria pelo ranking. Agora, voltar o Campeonato Goiano nesse momento, no meio do ano, é impossível, para a Aparecidense não tem como montar elenco de forma alguma agora”.