Com uma média de 30,5 anos por jogador, a Bélgica escalou o segundo time mais velho da 2ª rodada da primeira fase da Copa do Mundo de 2022 neste domingo (27). Já a seleção de Roberto Martínez tem uma média de 27,8 anos por jogador, a quinta maior do Mundial no Catar. Dos 11 titulares diante do Marrocos, seis têm mais de 30 anos.

Números que explicam, em parte, o decepcionante futebol apresentado pelos belgas. Mesmo porque a idade de um jogador, por si só, não implica que aquele atleta tenha um desempenho físico pior do que o de alguém mais jovem. Mas no caso dos ‘Red Devils’, especificamente, a exceção é regra.

Depois de uma estreia ruim, mesmo com a vitória sobre Canadá, muito por conta da grande atuação do goleiro Thibaut Courtois, desta vez a sorte não sorriu para a Bélgica, derrotada por Marrocos por 2 a 0, resultado que levou a seleção africana à liderança do Grupo F, bastante embolado à espera do jogo entre Croácia e Canadá.

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Os zagueiros Toby Alderweireld e Jan Vertonghen e o volante Axel Witsel, três referências de uma das principais gerações do futebol belga e pilares defensivos da equipe, estão entre os mais velhos, e hoje vivem um momento de decadência. Eden Hazard, o camisa 10, que ainda tem apenas 31 anos, não consegue mais jogar com regularidade.

Com a mesma idade, Kevin De Bruyne é o principal jogador do grupo, mas também não chegou em boa forma no Catar. Não por uma questão física ou técnica, afinal vive um momento fantástico no Manchester City, mas o desempenho ruim do capitão belga no Catar é o maior reflexo de uma Bélgica lenta e sem criatividade, que não consegue competir.

Principal criador da equipe de Martínez, De Bruyne foi quem menos tocou na bola no primeiro tempo contra Marrocos. E mesmo com as trocas na etapa final, quando foi recuado e teve maior participação no jogo, ainda assim desempenhou abaixo da expectativa e não conseguiu levar o time ao ataque para evitar a surpreendente derrota.

A brilhante geração marroquina

Em contraste com a aparente “preguiça” dos belgas, os marroquinos foram mais uma vez empurrados pela energia da torcida, que comparece em peso no Catar, assim como a de outros países árabes, como Tunísia e Arábia Saudita. Depois do empate sem gols na estreia, o talento e a determinação enfim trouxeram a primeira e merecida vitória.

Liderados pelo holandês Hakim Ziyech e pelo espanhol Achraf Hakimi, a seleção de Marrocos é a cara do futebol globalizado. Dos 26 convocados, 14 nasceram em outros países. Inclusive, quatro na própria Bélgica. A diáspora marroquina é uma das maiores no mundo, com milhões de descendentes em França, Espanha, Holanda e Bélgica.

Isso se reflete em um grupo de jogadores formados no futebol europeu que decidiram fazer o caminho inverso que seus pais e avós fizeram algumas décadas atrás, representando a terra natal de suas famílias. E isso de forma alguma faz esses jogadores terem menor identificação com Marrocos, como estamos vendo no Catar.

Os marroquinos são mais uma grata surpresa deste Mundial.

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