Obras em 3D são destaque na II Mostra Pedagógica do Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio ao Deficiente Visual (Cebrav). A primeira peça feita foi uma réplica em 3D do Abaporu da pintora Tarsila do Amaral. Depois, foram impressos símbolos de Goiânia, como o Monumento às Três Raças e a Estátua do Bandeirante. Tem também clássicos de Michelangelo e tradições de Goiás, como a máscara utilizada nas Cavalhadas.

Foto: Sagres TV

Poder tocar na estátua do Bandeirante fez toda a diferença para Gracilda Gonçalves, que tem apenas 1% de visão. “Não sabia que o bandeirante tem uma espada. Ouvir falar é uma coisa, tocar, sentir, é bem diferente”.

A diretora do Cebrav, Maria Eugênia Teixeira da Silva, diz que a tecnologia 3D ajuda a formar uma imagem mental de obras que os deficientes visuais só tinha ouvido falar. “existem obras como estátuas enormes, que nós não temos como tocá-las por completo, então, tateá-las em versão menor, é muito importante”.

Com as peças impressas em 3D, a turma aprende artes, história e geografia, pois também foram feitos mapas de Goiânia para facilitar que as pessoas cegas se localizem. A impressão é feita com o derretimento de um material plástico, que é depositado camada por camada.

A ideia de usar impressora 3D foi do professor de artes Santiago Lemos. “O primeiro passo é fazer a modelagem tridimensional no computador. O Anhanguera, por exemplo, eu levei 40 a 50 horas para conseguir fazer. Tive que ir lá e tirar cerca de 100 fotos de vários ângulos, para conseguir uma escala na perfeição necessária”.

E a robótica é outro destaque da Mostra Pedagógica do Cebrav. 36 alunos com deficiência visual fizeram um protótipo de uma cidade inteligente, usando peças de lego. A cidade pensada e projetada pela turme é acessível, com piso tátil, parque de diversão com balanço para cadeirante, energia solar e muitas árvores. O estudante Túlio César, de de 13 anos, esta apaixonado pelas oficinas de robótica. “Sempre quis aprender robótica. É muito legal aprender a montar as peças”.

As oficinas de robótica e o projeto da cidade inteligente foram coordenados pelo professor de matemática Flamarion Gonçalves. Você se lembra? Ele conquistou o primeiro lugar num concurso internacional de robótica nos Estados Unidos com alunos do Senai, que criaram um chiclete com pimenta, que auxilia astronautas. “Pela sensação tátil que eles têm, além de construir uma relação lógica na mente, eles também enxergam o mundo, que antes só conheciam pela descrição de outros”

E a turma da robótica se prepara para novos voos. No ano que vem, eles devem participar de torneios, competições, como alunos do ensino regular.

O Cebrav atende hoje a 360 alunos, desde recém-nascidos, crianças, jovens e adultos. A maioria fica no Cebrav no período em que não está na escola de ensino regular. O centro é ligado à Secretaria Estadual de Educação, em convênio com a Secretaria Municipal de Educação de Goiânia e parcerias como a Associação dos Deficientes Visuais do Estado de Goiás (ADVEG) e Centro de Referência em Oftalmologia (Cerof) do Hospital das Clínicas da UFG.

Confira a reportagem de Silas Santos

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