Novembro, sem dúvidas, já está na história como um dos meses mais quentes registrados no Brasil. As companhias de energia que o digam. Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a onda de calor do mês passado provocou um aumento de 11% no consumo de eletricidade na primeira quinzena do 11º mês de 2023.

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Nesse sentido, trata-se do maior avanço no consumo desde abril de 2021. Segundo a CCEE, dos 69.859 megawatts médios consumidos, 44.784 MW médios tiveram fornecimento ao mercado regulado, no qual as residências e pequenas empresas contratam energia diretamente das distribuidoras.

Além disso, houve um aumento de 15,5% no comparativo anual, puxado pelo maior uso de ventiladores e ar-condicionado. Foi o maior crescimento da série histórica, iniciada pela CCEE em janeiro de 2014.

Ainda de acordo com a CCEE, o restante, 25.075 MW médios, tiveram uso pela indústria e grandes empresas que compram a sua energia direto de um fornecedor no mercado livre. O avanço nesse segmento foi de 4,1%, influenciado principalmente pelos setores de Serviços e Comércio, que também foram impactados pelas altas temperaturas.

Consumo por ramo de atividade econômica e por região

Também conforme o levantamento da CCEE, entre os 15 setores com consumo monitorado pela Câmara no mercado livre, na primeira quinzena de novembro e na comparação com o mesmo período do ano passado, as maiores taxas foram observadas nos ramos de Serviços (13,2%), Extração de Minerais Não-Metálicos (10,9%) e Comércio (10,3%). Especificamente nos ramos de Serviços e Comércio, porém, a CCEE destaca o uso mais intenso de equipamentos de refrigeração, especialmente nos segmentos de hotelaria, shoppings e hiper e supermercados, que têm maior peso nesses dois setores.

Ademais, o levantamento aponta que todos os estados conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN) tiveram um consumo maior nas primeira quinzena de novembro. Na comparação com mesmo período de 2022, destaque para Mato Grosso (37,6%), Acre (27,6%), Espírito Santo (23,8%), Rio de Janeiro (21,2%) e Mato Grosso do Sul (19,5%).

Ao considerar, contudo, somente a demanda do mercado regulado, que tem um impacto maior das temperaturas mais elevadas, as variações sobem para 46% no Mato Grosso, 34% no Mato Grosso do Sul, 28% no Acre, 27% no Rio de Janeiro e 11% em São Paulo.

Geração de eletricidade e energias renováveis

A produção das hidrelétricas chegou perto dos 50 mil MW médios, avanço de 6% na comparação com as duas primeiras semanas de novembro do ano passado. Os parques eólicos, que geraram mais de 11 mil MW médios, tiveram um aumento de 40,3%, enquanto as fazendas solares, que ultrapassaram os 3 mil MW médios, avançaram 91,5%. Houve redução de 1,5% na geração das termelétricas.

O aumento na geração de energia renovável aponta que o investimento em alternativas energéticas pode ser a chave para evitar apagões em momentos de consumo intenso. Além disso, triplicar a capacidade de produção de energia renovável até 2030 é crucial para manter a meta de 1,5˚C, segundo um relatório publicado pela Presidência da COP28, a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) e a Aliança Global para as Energias Renováveis (GRA).

A presidência da COP28, a Conferência Mundial Contra as Mudanças Climáticas, que ocorre em Dubai, busca alcançar um acordo internacional para este objetivo. Na análise de um novo estudo da BloombergNEF (BNEF), é uma meta difícil, realizável é necessária para alcançar o net zero – termo em inglês para “zero emissões líquidas de carbono”.

O texto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 07 – Energia Limpa e Acessível Para Todos

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