ONU inicia debates para priorizar metas ODS e 30 países anunciam revisão

A partir desta segunda-feira (8), e nos próximos dez dias,  a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos EUA, recebe o Fórum Político de Alto Nível sobre o Desenvolvimento Sustentável. O encontro tem por objetivo dinamizar os esforços para acelerar a implementação dos ODS nos últimos seis anos de implementação do acordo gerado pela Agenda 2030.

O relatório divulgado no fim do último mês aponta que apenas 17% dos objetivos e metas da Agenda 2030 foram cumpridos. Um terço das metas estão em status considerados como “estagnadas ou em retrocesso”. Por isso, a edição deste ano do Fórum atuará na revisão da Agenda e dos ODS.

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Nos últimos três dias do Fórum, mais de 30 países apresentarão revisões nacionais voluntárias da sua implementação da Agenda 2030 e partilharão as suas experiências e melhores práticas. Estes incluem: Arménia, Áustria, Azerbaijão, Belize, Brasil, Chade, Colômbia, República do Congo, Costa Rica, Equador, Guiné Equatorial, Eritreia, Geórgia, Guiné, Honduras, Quênia, República Democrática Popular do Laos, Líbia, Mauritânia , Maurícias, México, Namíbia, Nepal, Omã, Palau, Peru, Samoa, Serra Leoa, Ilhas Salomão, África do Sul, Sudão do Sul, Espanha, República Árabe Síria, Uganda, Vanuatu, Iémen, Zimbabué.

O Fórum vai indicar cinco ODS como prioritários e fundamentais para serem cumpridos: ODS 1 (Eliminar a Pobreza), ODS 2 (Fome Zero), ODS 13 (Ação Climática), ODS 16 (Garantir a Paz) e ODS 17 (Parcerias para os objetivos). “Este relatório destaca a necessidade urgente de uma cooperação internacional mais forte e eficaz para maximizar o progresso a partir de agora”, afirmou o Secretário-Geral da ONU, António Guterres. “Faltando mais de seis anos, não devemos desistir da nossa promessa até 2030 de acabar com a pobreza, proteger o planeta e não deixar ninguém para trás.”

Embora não esteja listada entre os ODS prioritários, os objetivos ligados à área da educação também preocupam a ONU. Segundo o relatório, apenas 58% dos estudantes em todo o mundo atingem proficiência mínima em leitura na idade certa, ao final do ensino primário. Inclusive este foi o último tema postado neste espaço, relacionado ao programa de Alfabetização em todo o Brasil. A seguir neste ritmo, em 2030, de acordo com previsões da ONU, apenas 16,5% dos países alcançarão a meta do ODS 4 de acesso universal a uma educação de qualidade até 2030.

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Estamos cientes que ainda há muito a tensionar, questionar e refletir quanto aos desafios que nos atrapalham a cumprir plenamente os objetivos e metas. Normalmente estão relacionados a falta de financiamento, um contexto de mercado que resiste ou um mercado que ainda está aprendendo a se posicionar frente a necessidade de transformação. Um exemplo real é a indústria de produção de combustível fóssil. 

É importante considerar que quase 50% das metas estão caminhando (ritmo moderado ou lento) mesmo que não sejam percebidas no ritmo necessário e esperado. Temos que olhar para as nossas conquistas para que elas também nos ajudem a ter força para continuar, resistir e lutar. 

O desemprego global atingiu um mínimo histórico de 5% em 2023, mas ainda persistem obstáculos persistentes na obtenção de um trabalho digno. A geração de energia a partir de fontes renováveis ​​começou a expandir-se a um ritmo sem precedentes, crescendo 8,1% anualmente durante os últimos cinco anos. A banda larga móvel (3G ou superior) é acessível a 95% da população mundial, acima dos 78% em 2015. Isto resolve o problema de conexão, mas exige planos complexos de educação midiática para combater a circulação de desinformação.

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Economia e sua complexidade, o cuidado com planeta e a equidade entre as pessoas não estão impactando apenas estratégias e escolhas de países. Exigem grandes mudanças íntimas. Adotar a Agenda 2030 como causa própria significa uma reforma individual de como estabelecer relações mais saudáveis com pessoas, com o meio ambiente e com o nosso espaço neste planeta.

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[COP À COP]

– CRISE HÍDRICA. A Administração Nacional de Navegação e Portos (ANNP) alertou sobre uma seca recorde iminente no Rio Paraguai, que também pode afetar o Rio Paraná, prejudicando comércio e fornecimento de água. As secas no Paraguai se tornaram comuns em períodos de La Niña, e o planeta caminha novamente nessa direção. Em outubro de 2021, o nível do rio em Assunção atingiu uma mínima histórica de -0,75 metro. Atualmente, está em 0,22 metro. Em contraste, a máxima histórica foi de 9 metros em 1983. O prognóstico para os próximos meses é desalentador, segundo Benjamín Martínez, da ANNP. 

– CIÊNCIA AMAZÔNICA. O megaprojeto do Museu das Amazônias será lançado em Belém nesta segunda-feira (8). Com um investimento de R$ 1,2 bilhão, o museu será um centro de pesquisa e conservação da biodiversidade amazônica. Contará com exposições permanentes, um banco genético de espécies da região e programas de educação ambiental. A inauguração está prevista para 2028, e o projeto visa fortalecer a ciência e a cultura amazônica.

– CONTAGEM REGRESSIVA. Neste domingo (7), o comitê organizador da COP 29, no Azerbaijão, apresentou detalhes e planos para transporte, acomodação e hospitalidade para os milhares de visitantes esperados para participar da conferência COP29 deste ano, juntamente com aspectos logísticos relacionados ao local em si. A ideia força desta edição será: “Com solidariedade, por um mundo verde”. Dentro da programação, os quatro primeiros dias estão previstas as presenças das autoridades dos países. Delegados terão de 11 a 22 de novembro para negociar medidas e avançar nas estratégias.

– PREOCUPAÇÃO BRASILEIRA. Quando indagados sobre o quanto estavam preocupados com os efeitos da mudança climática na próxima geração, 28% dos brasileiros disseram estar extremamente preocupados; 45%, muito preocupados; 20%, um pouco; 3%, não muito; e 4%, de jeito nenhum. A maioria (73%), portanto, se preocupa com o impacto da mudança global do clima no futuro próximo. Os dados fazem parte da pesquisa de opinião pública sobre mudança climática “People’s Climate Vote 2024”, realizada pelo PNUD com a Universidade de Oxford e o instituto GeoPoll.