A Operação Fator R que investiga possíveis fraudes em licitações de órgãos públicos envolvendo empresas do ramo de pneus apurou que as ilegalidades ocorreram em pelo menos 200 municípios, sendo 170 em Goiás, 49 em Mato Grosso, um do Tocantins e um da Bahia.

A operação foi deflagrada nesta terça-feira (28) pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), por intermédio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) e de promotores de Justiça do interior, com o apoio da Polícia Militar de Goiás.

De acordo com o promotor de Justiça Sandro Silva, que coordena a investigação, foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva em Goiás e no Mato Grosso e outros 36 de busca e apreesão.

De acordo com o MP-GO, ao menos duas grandes empresas burlaram licitações, qualificando-se como empresa de pequeno porte ou microempresa, quando, na verdade, se tratava de um único grupo empresarial de grande porte.

De acordo com a investigação, o grupo criminoso recebeu, em dez anos, aproximadamente e em valores não corrigidos, R$ 71.675.380,53 em contratos firmados com a quase totalidade dos municípios goianos.

Segundo Sandro Barros, o valor desviado corresponde apenas aos municípios goianos envolvidos na investigação. “É um dinheiro que, em tese, foi efetivamente prestado o serviço e foi devolvido, mas é lógico que nós não podemos admitir o enriquecimento por meio de fraude. O MP tem mecanismos, em outras fases a gente tem que tentar buscar, com o apoio do Poder Judiciário, a restituição da sociedade desses valores. E R$ 71 milhões é um valor conservador porque é só os municípios de Goiás. Não estão incluídos o Estado de Goiás, os municípios e Estado do Mato Grosso, não estão incluídos eventualmente órgãos federais”, afirma.

De acordo com o promotor Rodney da Silva, ainda não é possível afirmar se houve participação de agentes públicos nas fraudes. Sandro Barros afirma que agora é preciso analisar o material apreendido para definir os próximos passos da investigação.

“Após a análise do material apreendido é que a gente vai estabelecer estratégias para quais medidas adotar”, conclui.