Em um novo texto publicado na última quarta-feira (4) pelo papa Francisco, o pontífice fez um apelo para a adoção de uma transição energética “vinculante”, com “compromissos efetivos” contra os riscos causados pelas mudanças climáticas. A manifestação do líder da igreja católica acontece a poucas semanas da COP28, evento anual sobre o clima, que será realizado em Dubai, nos Emirados Árabes entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro.

O papa publicou a exortação apostólica oito anos depois de sua encíclica sobre a ecologia “Laudato Si”. Francisco também criticou as pessoas que “tentaram zombar” da constatação dos estragos causados pelo aquecimento, que incluem secas, inundações e tufões, e que atingem de forma especialmente dura os países mais vulneráveis.

No texto, o papa destaca que “não temos reações suficientes enquanto o mundo que nos acolhe está desmoronando e talvez se aproximando de um ponto de ruptura”. Francisco ainda pontuou que “se houver um interesse sincero em tornar a COP28 histórica, cabe esperar apenas formas vinculantes de transição energética que tenham três características: que sejam eficientes, que sejam obrigatórias e que possam ser facilmente monitoradas”.

Debate e alerta

No debate sobre a diminuição das atividades causadoras da mudança climática – caminho defendido pelos ambientalistas – e a adaptação aos efeitos do aquecimento, uma opinião defendida pelo pontífice é que “a transição de que se necessita, para energias limpas como a eólica e a solar, abandonando os combustíveis fósseis, não tem a velocidade necessária”. Ele ainda adverte, no documento, sobre o risco de se concentrar na adaptação aos efeitos já consumados da mudança climática.

“Corremos o risco de ficarmos presos na lógica de corrigir, colocar remendos, amarrar com arame, enquanto sob a superfície avança um processo de deterioração que continuamos alimentando. Supor que qualquer problema futuro poderá ser resolvido com novas intervenções técnicas é pragmatismo homicida, como chutar uma bola de neve para frente”, argumenta o papa.

Histórico

Em 2015, a encíclica “Laudato Si”, um manifesto de 200 páginas pela proteção do meio ambiente, gerou um debate global e suscitou inclusive comentários em revistas científicas, o que foi inédito para um texto religioso. Meses depois foram alcançados novos progressos com o histórico Acordo de Paris, no qual a comunidade internacional estabeleceu o objetivo de limitar idealmente o aquecimento a 1,5ºC em comparação com a era pré-industrial.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática ; e ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Fortes.

Leia mais