A plataforma de pesquisa e conjuntos de dados, Cedra, divulgou neste mês de dezembro, um panorama inédito das desigualdades raciais na educação básica no Brasil a partir do Censo Escolar e da Pnad, ambos de 2019.
Em escolas predominantemente brancas com 60% ou mais de alunos autodeclarados brancos. Para escolas predominantemente negras, com 60% ou mais de alunos autodeclarados negros, identificou-se que dois terços das escolas de maioria branca concentravam-se nos mais altos níveis socioeconômicos.
A participação de escolas de maioria negra nos estratos socioeconômicos mais altos, por seu turno, era irrisória. De outra parte, percebe-se o inverso quando os níveis socioeconômicos são mais baixos.
Neles, a participação de escolas com 60% ou mais de alunos brancos foi mínima; Ao passo que a participação de escolas com maioria negra aglutinou-se em mais da metade destes níveis.
Análise
Diante dos dados apresentados, o que os números da educação no Brasil podem dizer sobre o racismo na sociedade brasileira?
A doutora em Ciências Sociais (PUC-Rio), Carol Canegal e coordenadora de pesquisas do Observatório da Branquitude (@observabranquitude) fez o alerta: “Os dados escandalizam o peso positivo atribuído à raça branca na escolarização das novas gerações”.
Carol Canegal afirma que o preparo do corpo docente beneficia mais os alunos brancos.
Entre as escolas de educação básica com maioria de alunos brancos, 62,2% dos professores tinham formação adequada, isto é, docentes com curso de licenciatura completa na área da disciplina em que lecionavam. Já em escolas com maioria de alunos negros, somente 33,2% dos professores tinham formação adequada.
“Quando o corpo docente é melhor preparado para lecionar, lida, em maioria, com alunos brancos, de acordo com o panorama apresentado. E quanto maior é a concentração de estudantes autodeclarados brancos nos estabelecimentos escolares de educação básica, maior é o nível socioeconômico do corpo discente”.
Exclusão
“Estas configurações sinalizam para uma inferência forte e excludente: escolas onde há mais brancas e brancos têm mais chances de sucesso, seja pela formação adequada dos professores, seja pela condição socioeconômica favorável à educação dos alunos.
O fenótipo dos estudantes, portanto, é fator que beneficia trajetórias escolares qualificadas”, conclui Carol Canegal.
Com informações da Revista Gama*
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 4 – Educação de Qualidade
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