Em um futuro não tão distante, já se imagina que será possível produzir alimentos com formatos, texturas, sabores e cores personalizadas, mais atraentes e saudáveis para crianças e idosos, por exemplo. E tudo isso com uma realidade do presente: a impressão 3D.

É que um grupo de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), está avançando na viabilização dessa ideia. Eles desenvolveram um gel à base de amidos modificados que podem ser usados como “tintas” para produção de alimentos com uma impressora 3D.

“Não é qualquer alimento que se pode imprimir, printar. Então nosso objetivo foi buscar aditivos que poderiam tornar as tintas com essa propriedade requerida para ser impressa. Como em uma impressora convencional em que se tem as tintas, nas impressoras para alimentos a gente chama de tintas alimentícias, ink foods, então elas não podem ter um aspecto tão líquido, que fique pingando, nem muito viscoso, espesso, que não se consiga processar”, afirma.

Segundo Bianca Maniglia, o processo de impressão alimentícia é simples e acontece com uma seringa e um braço robótico. “Pela movimentação nas três dimensões eu consigo criar o alimento”, explica.

A combinação de água e amido, como em um mingau, é o que a pesquisa comprovou ser viável para a elaboração de uma tinta alimentícia que pode ser impressa no equipamento.

“O amido tem a propriedade de gelatar, que é a capacidade de formar um gel. Com a entrada de água e calor, ele consegue estourar esses grânulos e formar uma rede polimérica, que é esse gel final. Isso consegue garantir uma viscosidade ideal para o produto ser printado”, esclarece.

Mas muita calma nessa hora. Não pense que já é possível imprimir um delicioso cheeseburger, uma suculenta pizza de quatro queijos ou uma saborosa galinhada de fim de semana.

Segundo Bianca, os próximos passos da pesquisa são acrescentar cor, sabor e nutrientes aos alimentos produzidos com a impressora 3D. “A máquina tem a capacidade de texturizar, o que já é um grande avanço na área de alimentos”, conclui.

Confira a entrevista a seguir no STM #125