Pesquisadores do Laboratório de Mutagênese (LabMut) da Universidade Federal de Goiás (UFG) buscam medidas preventivas para trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos em meio às discussões sobre o Projeto de Lei (PL) 1.459/2022, conhecido como PL do Veneno, que pode ser votado em breve pelo Senado Federal.
O PL do Veneno, em tramitação por mais de duas décadas no Congresso Nacional, tem causado preocupação entre especialistas devido à possível facilitação do registro de agrotóxicos mais prejudiciais. Além disso, há receios sobre a centralização da liberação de novos produtos no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), limitando a participação de órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O LabMut da UFG, dedicado ao estudo de danos genéticos causados por agrotóxicos em pessoas e animais ao longo de uma década, destaca a importância de ações preventivas. A coordenadora do laboratório, Daniela de Melo e Silva, ressalta que o Protocolo de Atenção à Saúde dos Trabalhadores Expostos a Agrotóxicos do Ministério da Saúde foca em exames capazes de detectar alterações apenas quando a saúde está gravemente comprometida.
“Nós gostaríamos de incluir no protocolo os testes que nós fazemos. Nós analisamos o DNA da pessoa, então é um teste de prevenção, capaz de detectar uma lesão”. A proposta do LabMut é implementar monitoramento anual dos trabalhadores.
Projeto
Além disso, o LabMut desenvolve o projeto Hortas Urbanas, que visa mapear hortas em Goiânia e coletar material biológico de pequenos agricultores. Estudos indicam que esses trabalhadores são os mais impactados pelos agrotóxicos devido à falta de informação e à falta de recursos para adquirir Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
As pesquisas da UFG têm atraído a atenção do poder público, como evidenciado pela destinação de R$ 250 mil em emenda parlamentar pelo deputado federal Zacharias Calil (União Brasil-GO) para pesquisas sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde de agricultores goianos.
Um estudo apontou lesões 4,5 vezes maiores no DNA de trabalhadores rurais goianos expostos a agrotóxicos, indicando a necessidade urgente de medidas preventivas diante dos potenciais riscos à saúde associados à exposição desses trabalhadores, sobretudo quando associada a predisposição genética, abuso de álcool e cigarro e pouca utilização de EPIs.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar
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