É bem verdade que não se trata de uma luta valendo cinturão, mas o embate principal do UFC Fight Night 51 neste sábado, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, tem potencial igual a uma disputa de título. Pela frente, os pesos pesados Antônio “Bigfoot” Silva, o Pezão, e Andrei Arlovski, que chegam ao duelo após traçar caminhos diferentes e também com objetivos diferentes.

O anfitrião está literalmente em casa, com torcida do pai, da mãe e demais familiares. Nascido em Brasília, Pezão volta a casa onde reviu amigos e ganhou o gás final, a gana necessária para vencer um ex-campeão que tanto já fez no UFC. Longe de octógono a nove meses, após ser punido por doping na luta histórica contra Mark Hunt, em Dezembro do ano passado, Pezão está com uma fera dentro de si, pronto para soltar e se manter bem no ranking da categoria.

“Nunca passou pela minha cabeça de vir pra Brasília lutar e quando eu fiquei sabendo desse evento, eu liguei pro meu empresário e pedi pra ele tentar me colocar no card, não interessava se fosse a primeira ou a última luta. Pra mim vai ser um sonho realizado lutar no Brasil e aqui na cidade onde nasci. Vou buscar a vitória, trabalhei duro pra isso, fiz um treinamento muito forte. Não posso prometer resultado, porque luta é luta, mas estou com bastante fome e vou buscar a vitória o tempo todo”

Na pesagem oficial, Pezão perdeu até as palavras em alguns momentos, emocionado por ver tantos familiares na arquibancada, mas ele garante que isso não será uma pressão negativa. Mesmo assim, se mantém precavido e um acordo antigo permanece: o dos pais não poderem assistir a luta. Presentes nos eventos da semana, a dona Maria de Lourdes e o seu Antônio Carlos Ribeiro se dizem fãs de carteirinha do filho, incentivaram a carreira, mas tem o combinado de nunca assistir ao vivo as lutas de Pezão, que explica o acordo.

PaisPezão TM“Eles assistem no outro dia, ou às vezes nem isso, dependendo de como for a luta. A gente fez esse acordo a um bom tempo, meu pai é cardiopata, já teve problemas de coração, então é muita emoção ali. Eles sempre ficam em casa tranquilos e depois da luta, no vestiário, a primeira coisa que eu faço é pegar o telefone e ligar, dizer que tá tudo ok, independente do resultado. Só deles estarem aqui é uma energia muito boa, assim como dos fãs”

Retomada

O oponente de Pezão não é um qualquer no mundo do MMA. Muito pelo contrário.  Talvez os fãs mais recentes não conheçam a trajetória vitoriosa de Andrei Arlovski, ex-campeão dos pesos pesados no UFC e que faz a segunda luta desde que voltou a organização que havia deixado em 2008. O bielorusso tem 22 vitórias na carreira, sendo 15 delas por nocaute, e promete suar sangue para bater Pezão. O gringo, que chegou a provocar a torcida na pesagem, não teme a pressão da arquibancada.

“É aquilo que eu digo, uma multidão é uma multidão. Eu espero, aliás eu sei que pelo menos seis pessoas no Brasil estão do meu lado, todos eles são policiais de São Paulo. Eu espero que seja um pouco mais que isso e que alguém possa gritar meu nome no meio da multidão, aí vou lutar por essa pessoa”