(Foto: Reprodução/ Internet)

A operação deflagrada nesta sexta-feira (28) pela Polícia Federal tem objetivo de apreender provas que em poder dos investigados, com a finalidade de tentar identificar o destino de suposta propina que a Odebrecht teria repassado ao ex-governador Marconi Perillo nas campanhas de 2010 e de 2014. Cerca de 65 policiais participam da operação.

Segundo informações do Ministério Público Federal, a Justiça Federal autorizou acesso aos e-mails e aos extratos das ligações telefônicas dos investigados, bem como as suas respectivas localizações, com base em informações das antenas das operadoras de celulares (ERBs).

Em agosto de 2018, foi autorizado judicialmente o compartilhamento e o uso, nas investigações, das provas obtidas na Operação Acarajé, a 23ª fase da Operação Lava Jato, e da Operação Xepa, 26ª e na fase. A primeira, de 22 de fevereiro de 2016, teve como alvo o publicitário João Santana. Já a segunda, ocorrida em março de 2016, descobriu um esquema de contabilidade paralela no âmbito do Grupo Odebrecht, destinado ao pagamento de vantagens indevidas a terceiros. A Operação Xepa teve como alvo Maria Lúcia Tavares, principal encarregada deste departamento, denominado Setor de Operações Estruturadas.

Ainda de acordo com o MPF, a partir da análise do material apreendido com Maria Lúcia Tavares e do conteúdo de seu depoimento, foi possível identificar que o codinome “Paulistinha” ou “Carioquinha”, que consta nas planilhas dos sistemas de controle de pagamento de propina da Odebrecht, como sendo o operador encarregado de entregar o dinheiro para os codinomes Master, Padeiro, Calado ou Patati, usados para se referir a Marconi Perillo, era o doleiro Álvaro José Galliez Novis (proprietário da Hoya Corretora de Valores e Câmbio Ltda, com escritórios em São Paulo (SP) e no Rio de Janeiro (RJ).

Ouvido pela Polícia Federal, Álvaro Novis admitiu que era o encarregado de providenciar a entrega do dinheiro e que, para isso, utilizava as transportadoras Transnacional, em São Paulo, e Trans Expert, no Rio de Janeiro. Neste depoimento, Álvaro Novis forneceu planilhas de controle e extratos dos pagamentos, além de gravações das conversas telefônicas que, por determinação da Comissão de Valores Mobiliários, a Hoya era obrigada a fazer e manter.

De acordo com o Ministério Público, essas planilhas reforçam os indícios de que, de fato, houve o efetivo pagamento da propina. Álvaro Novis forneceu detalhes dos pagamentos que realizou, indicando datas e valores, além de identificar os portadores, encarregados de entregar as malas e mochilas com o dinheiro em espécie. Todas essas pessoas também foram ouvidas pela Polícia Federal como testemunhas e confirmaram tudo em detalhes.

Dentre as provas entregues por Novis a Polícia Federal, há conversas telefônicas e diálogos por Skype indicando valores e endereços onde os valores foram entregues. Entre os endereços se se destacam, pela recorrência, o de Rodrigo Rincon, filho de Jayme Rincon, na rua Haddock Lobo, Jardim Paulista, região nobre de São Paulo. De acordo com o MPF, este apartamento era o local para entrega de propina, principalmente aos policiais militares goianos Sérgio Rodrigues de Souza Vaz, assassinado em 31 de janeiro de 2016 em um assalto a uma padaria em Anápolis, e Márcio Garcia de Moura, este preso nesta sexta-feira, e ambos motoristas de Jayme.

O MPF informou também que as provas de corroboração obtidas pela Polícia Federal foram submetidas a perícia, as gravações foram transcritas e o computador contendo os diálogos de skype foi apreendido. Esse material foi analisado e cruzado com os extratos das ligações telefônicas dos investigados nas datas das entregas da propina, com suas respectivas localizações à época indicadas pelas antenas de celular e com passagens aéreas usadas por eles.

Isso permitiu identificar 21 eventos de entrega de valores em espécie, no ano de 2014, que totalizam R$10,4 milhões, feitas a mando e por coordenação do Grupo Odebrecht em favor de Marconi Ferreira Perillo Júnior:

tabela

As investigações surgiram a partir da colaboração premiada de quatro ex-executivos da Odebrecht: Alexandre José Lopes Barradas, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, João Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz. Segundo eles Marconi teria recebido R$ 8 milhões da empreiteira em caixa dois para as suas campanhas ao governo em 2010 e 2014 e que os valores doados não foram declarados na prestação de contas oficial do tucano, enviada à Justiça Eleitoral.

A investigação teve início perante o STJ, mas foi encaminhada à primeira fase da Justiça Federal em Goiás, em abril deste ano, depois que Marconi renunciou ao cargo de governador para disputar a eleição para senador. 

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