As cidades não param de crescer. É cada vez mais gente em menos espaço. Esse é o chamado adensamento urbano que normalmente vem acompanhado de problemas como trânsito, poluição e enchentes. Por outro lado, quando os imóveis ficam escassos, a tendência é que eles fiquem caros.

 
Para entender um pouco mais sobre adensamento urbano, que envolve o modelo de cidade que queremos, trouxemos aqui para nosso bate papo o arquiteto e urbanista Paulo Renato Alves, que participa da discussão desde o primeiro projeto desta revisão do Plano Diretor de Goiânia, ainda no mandato de Iris Rezende como prefeito.

De forma razoavelmente simples, Paulo Renato compara a cidade com um organismo que precisa de consultas médicas regulares. Em 2017, a Prefeitura fez um “diagnóstico” neste paciente e encontrou “tumores” na cidade. A receita, diz, foi a revisão do Plano Diretor. A Câmara verificou e concordou com a prefeitura. Alguns desses males são a densidade populacional e a altura dos prédios, cada vez mais altos.

Criou-se uma comissão para verificar o que precisava ser feito. O relatório foi relatado pela vereadora Sabrina Garcez, aprovado dia 5 de janeiro na Comissão Mista que avaliou o projeto. Todavia, o relatório final apontou discrepâncias entre o texto e alguns mapas, o que gerou incertezas quanto ao que realmente valeria como regra e acendeu o alerta em entidades como o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), associações de moradores e outros grupos da sociedade.

Para Paulo Renato, não há mais o que ser debatido. Para ele, a doença já esta identificada e os remédios estão definidos.

Adensamento

Paulo Renato defende um adensamento maior da cidade. Para ele, esse modelo é mais econômico para a gestão municipal e facilita a vida de seus habitantes, por reduzir distâncias e tempo de deslocamentos. O atual Plano Diretor, de 2007, diz, não teve o devido controle sobre as áreas adensáveis ou de desaceleração de adensamento, o que deve ser corrigido no texto a ser votado na Câmara. Sem controle, afirma, o colapso é certeiro.

A técnica de cálculo é chamada de fração ideal, que é a quantidade de área que pode ser construída em determinado terreno. Entretanto, o conceito defendido por Paulo Renato, entre outros, e acatado pela Prefeitura, é o coeficiente de aproveitamento, no qual se pega a área de um terreno e multiplica por seis. Ou seja, em um terreno de mil metros quadrados, podem ser construídos seis mil metros quadrados de habitações.

Por outro lado, a arquiteta, urbanista e conselheira do CAU, Maria Ester, critica o adensamento de algumas regiões de Goiânia, como os setores Sul e Jaó. Para ela, o projeto do Plano Diretor não estipula uma densidade ideal e libera um número de construções que podem gerar altas densidades, o que reduz a área permeável, aumento da temperatura e poluição locais, trânsito e queda na qualidade de vida.

Em tempo: A Câmara Municipal apresentou a pauta de votações desta quinta-feira, dia 3, e o Projeto do Plano Diretor faz parte das três votações previstas. O que será que vai acontecer? O Paciente está na UTI, o tratamento vem desta vez?

Programa Completo

Temas abordados

– Plano Diretor, a metáfora de um paciente que precisa de cuidados médicos. https://youtu.be/n3dChXJF7IA

– É hora de votar o Plano Diretor? https://youtu.be/aJNZ-gwC8-c

– O que significa adensamento urbano? https://youtu.be/nzcGJPhyFNg

– O bom e o ruim da verticalização de uma cidade. https://youtu.be/-vALIvpRATc

– O meio ambiente está ameaçado pelo novo Plano Diretor? https://youtu.be/WodPHMvqDak

– Plano Diretor pode gerar altas densidades populacionais em alguns bairros. https://youtu.be/iXKIRuqEF2k

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