Dia 4 de outubro é o prazo final para novas filiações partidárias

No sábado,4, encerra-se o prazo para as filiações partidárias e o tradicional troca-troca de partidos ainda não aconteceu. Poucas filiações foram anunciadas e o clima ainda é de indefinição. Como a Tribuna havia adiantado, as decisões ficarão para os últimos dias e tudo indica que a movimentação, em virtude da regra de fidelidade partidária, será menor que nos últimos pleitos. Mas surpresas ainda podem e devem acontecer, pois ainda estão indefinidos os projetos do governador Alcides Rodrigues e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para as eleições de 2010.

Quando a filiação de Henrique Meirelles ao PP, do governador Alcides Rodrigues, era dada como certa, esperava-se uma revoada de tucanos para o ninho pepista ou partidos já aliados. O movimento seria de aproximação à chapa defendida pelo partido do governador ao Palácio das Esmeraldas, encabeçada por Meirelles. O fato de Meirelles ter se distanciado do PP e buscado aproximação com PMDB interrompeu este movimento. Uma coisa é um tucano pousar no PP, tradicional aliado, outra, bem diferente, seria apoiar uma candidatura peemedebista.

Sem Meirelles, aumenta a possibilidade do PP apoiar a candidatura de Marconi Perillo ao governo, mesmo que esta não seja a vontade do governador. Sendo assim, tucanos que querem estar mais próximos a Alcides passam a não ter um grande motivo para deixar o partido. A ida de Meirelles para o PMDB abre espaço para que Marconi e o PSDB avancem sobre partidos e lideranças que, antes, estavam certas de que poderiam embarcar em outro projeto, defendido pelo governador e encabeçado por Henrique Meirelles.

O anúncio feito pelo PSDB, PTB e PMDB de que iriam à Justiça para reaver o mandato dos parlamentares que decidirem deixar o partido é outro fator que contribuiu para dificultar o processo de troca-troca partidário. Ninguém quer arriscar perder o mandato para embarcar em um projeto que possa fracassar. Nem mesmo os suplentes de deputado, cujo risco de perder o mandato – no caso dos que assumiram vaga na Assembleia – é quase nulo, anteciparam  a troca de partido. Na semana passada, as únicas filiações concretizadas (até sexta-feira)  foram de suplentes que tiveram votação pouco expressiva.

Frederico Nascimento, que já foi vereador e disputou mandato de deputado estadual pelo DEM em 2006, obtendo cerca de 18 mil votos, aportou no PTN, partido presidido pelo alcidista Francisco Gedda, presidente da Metrobus. Frederico é filho do secretário estadual de Planejamento, Oton nascimento, que também é do DEM. Outro que anunciou filiação no fim de semana foi Leandro Sena, que já foi deputado estadual e na última eleição ficou como suplente pelo PPS. Sena filiou-se ao PRTB, partido que deve apoiar a candidatura do senador Marconi Perillo (PSDB) para governador.

O movimento dos dois políticos é natural e não está diretamente relacionado ao processo de definição das candidaturas majoritárias. A mudança ocorreu porque eles querem ser eleitos e enxergaram maiores possibilidades de atingirem seus objetivos em partidos menores. Nos grandes partidos, a quantidade de votos necessária para ser eleito costuma ser bem maior do que em uma sigla menor. Em 2006, enquanto candidatos do PSDB tiveram mais de 20 mil votos e ficaram na suplência, partidos menores elegeram deputados com menos de 15 mil votos. Este foi o caso do PT do B, que elegeu Tiãzinho Costa, com 11.886 votos.

Outros tucanos que assumiram vaga como suplentes , como Julio da Retífica, Evandro Magal, Laudeni Lemes e Daniel Messac – este ocupa secretaria extraordinária no governo estadual – também podem trocar de partido nesta semana. Julio da Retífica estava decidido a deixar o partido e, na última semana, parece ter sido convencido a ficar. Outro suplente de deputado que pode deixar o PSDB é Afreni Gonçalves.

A secretária da Cidadania, deputada estadual Flávia Morais, mantém conversas com o PDT, com o objetivo de sair candidata a deputada federal. Influenciam a decisão da secretária o fato de sua pasta estar diretamente ligada ao Ministério do Trabalho, do ministro pedetista Carlos Lupi. Também pesa o fato da tucana estar, hoje, mais próxima do governador Alcides Rodrigues do que do senador Marconi Perillo. A ida para o PDT, portanto, além de ser uma forma de viabilizar sua candidatura sem ter que enfrentar uma chapa muito disputada como a do PSDB – que já conta com quatro deputados federais que disputarão a reeleição– seria uma opção por um partido neutro.

Apesar das manifestações de insatisfação de filiados, a direção do PSDB nega que sofrerá baixas e anuncia que está atraindo muitos filiados. Na última semana, o PSDB anunciou a filiação do goleiro do Goiás, Harley, que deverá candidatar-se a deputado estadual. O PSDB também trabalhou para atrair o ex-secretário de finanças da primeira administração de Iris Rezende em Goiânia, Valdivino Oliveira. Sua filiação ao partido chegou a ser anunciada, inclusive com o envio de convites. Secretário da Fazenda do Distrito Federal, Valdivino ficou balançado com o convite do governador José Roberto Arruda, mas rapidamente foi convencido por pelo ex-prefeito Nion Albernaz a filiar-se ao PSDB (Leia entrevista nas páginas 4 e 5).

Até o momento nenhuma grande filiação, que pudesse ser propagandeada por algum partido como reforço para as eleições de 2010 foi concretizada. Mas grandes perdas já são sentidas. O PP, que não tinha Meirelles, mas anunciava sua filiação como certa, parece ter perdido o presidente do BC para o PMDB. O PMDB, que agora vive a expectativa de ter Meirelles em seus quadros perdeu o ex-governador  do Distrito Federal Joaquim Roriz, que exerce forte liderança nos municípios do Entorno do DF.  Somente após o dia 3, após contabilizadas as perdas e os ganhos, os partidos poderão comemorar ou chorar o saldo final do trabalho que vêm realizando para atrair lideranças e se fortalecerem.

Texto e fonte:hojenotícia.com.br