A falta de verbas vai forçar o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) a interromper o programa de monitoramento do desmatamento no Cerrado. A equipe do programa já foi desmobilizada e os dados oficiais da destruição do bioma devem ser gerados somente até abril.

Em entrevista à Sagres, nesta sexta-feira (7), o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e colaborador do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG), Laerte Guimarães, afirmou que os recursos privados encerraram em dezembro de 2021 e, sem auxílio do governo federal, o monitoramento ficará comprometido.

“Desde 2016, quando começamos o monitoramento na UFG, os fundos privados e os internacionais para a pesquisa foram gerados pelo Banco Mundial. O LAPIG é responsável por gerar os dados de desmatamento e desenvolver uma plataforma para disponibilizar estes dados. Ainda há a incerteza acerca dos recursos para que o sistema de monitoramento possa continuar funcionando” explicou o professor.

Laerte destacou ainda que para que o monitoramento do Cerrado feito pela UFG possa seguir funcionando, a alternativa seria o Ministério da Ciência e Tecnologia disponibilizar recursos através de um fundo já existente para o fomento de novas tecnologias.

“A princípio, o ideal seria que ele fosse mantido pelo FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Científico e Tecnológico), mais ainda não temos a certeza de que esses recursos serão disponibilizados. É muito importante que o Governo Federal entenda essa importância e que faça o devido planejamento para que isso ocorra”, disse Laerte.

O financiamento dos programas voltados para o Cerrado é diferente do executado para a Amazônia, que tem recursos anuais assegurados no Orçamento da União. Desde 2002, quando entrou em operação, a ação relativa ao Cerrado é mantida por recursos de fora do Orçamento.

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Confira a entrevista na íntegra no Sagres Sinal Aberto