A posição da Argentina em relação a Agenda 2030 tornou-se a principal incerteza para o comunicado final do G20. A reunião de líderes das maiores economias do mundo começou nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro, com a presença de todos eles, inclusive a de Javier Milei, que tem posição contrária a muitas pautas prioritárias do Brasil na Cúpula.

O Brasil é o atual presidente do G20 e propôs o tema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”. Então, uma de suas principais prioridades é a criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que já teria adesão de todos os países-membros do bloco, com exceção da Argentina, e de 60 organizações e bancos internacionais. 

Ao juntar a posição de países convidados, no entanto, a Aliança já teria cerca de 80 adesões. A posição da Argentina vai além da oposição de ideologias de Javier Milei com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. 

Segundo informou o jornal O Globo, os interlocutores argentinos afirmaram aos interlocutores brasileiros que eles não têm autorização para respaldar qualquer iniciativa que remeta à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Na semana passada, por exemplo, por ordem de Milei, a comitiva da Argentina abandonou as negociações da COP 29.

Comunicado final do G20

Abertura da Cúpula do G20 (Foto: Ricardo Stuckert)

Duas das metas da Agenda 2030 estão diretamente ligadas à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. São os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 1 – Erradicação da pobreza e o 2 – Fome zero e agricultura sustentável.

Mas, para além disso, o comunicado final do G20 deve conter também assuntos relacionados às mudanças climáticas, desenvolvimento econômico sustentável, taxação de super-ricos e igualdade de gênero. 

Na reunião técnica de Mulheres do G20, em outubro, o governo argentino não assinou o texto final do Grupo de Trabalho Empoderamento de Mulheres, que trata sobre igualdade de gênero e assuntos como violência sexual e feminicídios. A maior preocupação nesse primeiro dia da Cúpula de Líderes é que o tom da geopolítica leve a alterações da primeira versão do texto. 

Há divergências, principalmente, nas formas de tratar as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Em relação aos outros assuntos, a principal preocupação é a Argentina. Sendo assim, então, o comunicado final corre o risco de deixar assuntos em aberto e ser divulgado com dissenso da Argentina. 

Você sabe o que é o G20? 

G20 no Brasil em 2024 (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
G20 no Brasil em 2024 (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

A Cúpula de Líderes do G20 é uma reunião do grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana. Ao longo de um ano ocorrem diversos eventos mundiais como a Assembleia Geral da ONU e a Conferência das Partes anual de signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP).

A reunião da Cúpula de Líderes do G20 é mais uma delas. Todas elas têm origem em algum problema que afeta o mundo ou parte da união de esforços e parcerias econômicas, como é o caso do G20. O grupo foi criado em 1999 após fortes crises financeiras que marcaram a década.  

Atualmente, ele conta com os seguintes países-membros: Brasil, África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Estados Unidos da América, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, República da Coreia, Rússia e Turquia, mais União Africana e União Europeia.

Economia e mais

G20 Social (Foto: Oficial/G20)

Os países que compõem o G20 concentram mais de 80% do PIB global. Mas além de reunir esforços para deliberar sobre o comércio e a globalização, os líderes têm discutido nos últimos anos as mudanças climáticas e questões sociais.

No ano passado, a Índia criou o Grupo de Trabalho Empoderamento de Mulheres, mantido pelo Brasil esse ano. O país, por sua vez, avançou nas pautas de inclusão social ao escolher uma agenda de combate à fome e a pobreza e ao instituir o G20 Social.

O G20 Social incluiu as organizações não-governamentais nas discussões do fórum e possui 13 grupos de engajamento: C20 (sociedade civil); T20 (think tanks); Y20 (juventude); W20 (mulheres); L20 (trabalho); U20 (cidades); B20 (business); S20 (ciências); Startup20 (startups); P20 (parlamentos); SAI20 (tribunais de contas); J20 (cortes supremas) e O20 (oceanos).

Todos os grupos realizaram reuniões ao longo do ano e finalizaram os trabalhos com o G20 Social nos dias 14 e 16 de novembro. Assim como ocorrerá com a Cúpula de Líderes, o G20 Social encerrou com uma declaração final. Leia o texto na íntegra abaixo:

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima.

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