Com altas seguidas, a taxa de mortalidade pela Covid-19 em Goiás pulou de 2,29% em março, para 2,7% em abril, igualando a taxa do Estado a do Brasil. Na região Centro-Oeste, Goiás tem o maior índice, juntamente com Mato Grosso, conforme dados do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Saúde (CONASS). Apenas São Paulo, com 3,3%, Amazonas e Pernambuco, com 3,4% de letalidade e Rio de Janeiro com 5,9% registram taxa mais alta do que Goiás.

O secretário Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia – cidade que tem 1,89% de taxa de mortalidade -, Alessandro Magalhães, explicou que a circulação majoritária da variante P1 de Manaus, que tem se mostrado mais agressiva, pode ser um dos fatores para este aumento. O secretário justifica ainda que talvez o número de testes feitos no Estado sejam insuficientes para este registro.

“O cálculo é feito sobre o número de mortos em relação ao total de casos confirmados da doença, então quando você faz pouco diagnóstico, a tendência é que sua mortalidade aumente”.

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Alessandro continuou e citou que a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é a realização de testes em massa para controlar a pandemia, considerando que com um resultado positivo mais cedo, é possível isolar o paciente e impedir o contágio. “E se for necessária uma internação, você identifica com mais facilidade, o que diminui a letalidade”.

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No início da pandemia, ainda com poucas informações sobre a doença, uma política foi sugerida no Brasil, orientava as pessoas a só procurarem atendimento médico caso sentisse falta de ar. Alessandro afirmou que essa informação foi prejudicial para o país. “A gente tem percebido que quanto mais precocemente você intervém nas complicações que essa doença traz para o organismo, melhor é”, declarou o secretário, que fez questão de ressaltar que não se referiu ao tratamento precoce com os remédios hidroxicloroquina e ivermectina, comprovadamente ineficazes.

“A doença tem duas fases. Uma fase viral e uma fase inflamatória, que é quando você precisa de suporte, porque ela vai lesando o pulmão. Então, você precisa intervir nessa segunda fase, rapidamente, para que essas lesões pulmonares não progridam. Essa estratégia de testar precocemente facilita o tratamento, o que na prática tem reduzido as chances de morrer […] Testar, isolar, monitorar e cuidar das pessoas”, explicou.

A mudança do perfil da doença, com a maior circulação da P1, causou alteração nos protocolos adotados pela cidade. Antes, parte dos diagnósticos eram feitos por telemedicina, com foco nas pessoas acima de 60 anos e com comorbidades. Diante do novo cenário, a idade foi reduzida para a partir de 40 anos, com prioridade para o atendimento presencial.