Após fase de coleta na costa brasileira, o estudo desenvolvido pelo projeto MICROMar identificou quantidades significativas de microplástico nas praias brasileiras. Segundo a pesquisa, os estados de São Paulo, Paraná, Sergipe e Bahia estão entre os mais poluídos.

As coletas iniciaram em abril de 2023, lideradas pelo pesquisador do Instituto Federal de Goiás, Guilherme Malafaia, contando com pesquisadores de outras regiões. Ao todo, a equipe visitou mais de mil praias no país.

Método

Os pesquisadores recolhem porções de areia e água do mar, a fim de avaliar a presença dos microplásticos, substâncias que apresentam riscos diretos para a vida marinha. 

“A grande inovação do projeto, não é o estudo do microplástico, mas a extensão do trabalho”, explica Marcelo Pompêo, professor do Departamento de Instituto de Biociências (IB), na Universidade de São Paulo (USP). Nesse sentido, a previsão é de que ao final das etapas, o estudo tenha coletado cerca de oito mil amostras.

Os pesquisadores almejam identificar o microplástico de acordo com três variáveis: ocupação, turismo e características climáticas observadas no litoral brasileiro. 

Impactos

O microplástico pode ser dividido em tipos primários e secundários, sendo que o primeiro tipo costuma ser utilizado em indústrias de cosméticos e nas farmacêuticas. O segundo tipo, por sua vez, é resultado da fragmentação de plásticos maiores. 

“É necessária para suprir a ausência de diagnósticos sobre o tema no Brasil”, afirma Malafaia, em relação a efetividade da pesquisa. Segundo o professor, os resultados iniciais são suficientes para constatar o alto nível de poluição por microplásticos.

O grupo de especialistas ressalta ainda o potencial de risco de contaminação para a saúde de animais e seres humanos.“O Brasil, em particular, ocupa a 4ª posição no ranking dos países que mais produzem lixo plástico no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. Logo, esse cenário tem um impacto direto nos níveis de poluição microplástica nos ecossistemas”, explica Malafaia.

No caso dos animais marinhos, o consumo do material pode gerar uma falsa sensação de saciedade, com consequências para a reprodução e crescimento da espécie.

“Tirar o microplástico do meio [do dia-a-dia] é impossível, mas nós podemos mudar o uso”, explica Marcelo Pompêo.

*Com informações do Jornal da USP

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 14 – Vida na água.

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