Game na educação. Quem diria que os joguinhos seriam utilizados em salas de aula. Os jogos eletrônicos foram vistos por muito tempo como entretenimento. O jogo virou. Com o avanço da tecnologia, juntamente com a globalização, os jogos digitais ocuparam diversos espaços, por exemplo, na carreira profissional. Enquanto discutimos se o eSport é ou não esportes (esta colunista considera esporte), de uma coisa temos certeza: os games são benéficos para a educação. Usar jogos digitais na hora de ensinar, tem sido uma das formas mais promissoras de se conectar com os jovens.

Antes de mais nada, a geração zennials já nasce conectada. Os celulares se tornaram extensão do próprio corpo. Percebam, que as crianças já possuem uma facilidade digital gigantesca, e, não há como retroceder quando se trata de tecnologia. Afinal, sua principal função é ser um facilitador para o nosso dia a dia. Então, um dos meios mais didáticos e gamificados, é torna-los, aliados.

Game na educação

Por essa razão, a mestre em educação em ciências e matemática e professora, Thaiza Montine, decidiu utilizar os games em sala de aula.

Livro: “Em uma galáxia não tão distante… Química, Ludicidade e quadrinhos”.

As HQ’s (quadrinhos) e os jogos eletrônicos sempre fizeram parte da sua infância até a fase adulta. Com essa influência, decidiu unir, tanto o universo geek quanto os games na hora de ensinar, sendo assim, o seu diferencial como professora. Ela leciona a mais de 15 anos, atua na educação básica tanto pública quanto privada. Educadora maker e midiática, chegou a lançar o livro: “Em uma galáxia não tão distante… Química, Ludicidade e Quadrinhos”.

Abzû

Para ensinar os seus alunos do 8° ano sobre o oceano e os cuidados com o bioma, Thaiza optou pelo jogo da Giant Squide, o Abzû. Em busca de levar as crianças de forma lúdica e digital ao oceano, Thaiza levou seu PlayStation 4 para a sala de aula. Se você já jogou Journey, saiba que o “deserto foi para o oceano”.

“O Abzû tem esse ambiente aberto, onde é possível explorar sem correr riscos. Existe essa interação entre os animais e as plantas, principalmente entre os trechos que ele coloca como ‘meditação’. Então, eu vi a brecha, de utilizar o jogo e criar uma espécie de portifólio digital, com as imagens. Os meninos estão carecas de ver e conhecer as plantas pelos livros. E se tiver a oportunidade de conhecer através de movimento? Então, esse foi o inicio de um processo de investigação e imersão que eu quis trazer para os meus alunos” afirma Montine.

Sobre o jogo

Coloque o fone de ouvido e embarque numa experiência calma, colorida e introspectiva no fundo do mar. Neste game imersivo nas profundezas do oceano, com gráfico e trilha sonora deslumbrante, conheça todos os animais marinhos ao assumir o papel de um mergulhador, com característica humanoide. O jogador descobre centenas de espécies que existem no mundo real, e leva o player a cumprir diversas etapas ao interagir com o oceano. O nome Abzû vem da mitologia grega. AB significa água, e , significa saber. Ou seja, Abzû é um oceano de sabedoria. O game está disponível para PlayStation 4 (PS4), Xbox One, Nintendo Switch e para computador, na Steam.

“O planeta Terra está em um momento pós apocalíptico. E a finalidade da humanoide é resgatar os animais e os ambientes onde a água secou, e, também, trazer as plantas. O jogo são por etapas e não fases, porque você pode passar por essas etapas sem ter a necessidade de cumprir uma, para chegar na outra. Você pode escolher as etapas para participar e você tem que restaurar todo o bioma, a biosfera em geral”, explica Thaiza.

Reação dos alunos

Como será que os alunos do 8° ano reagiram? Ao levar o jogo para a sala de aula, Thaiza dividiu os alunos em grupos, já que nem todos teriam acesso ao video-game em casa. Dessa forma, ela organizou seus horários para que todos participassem.

“Foi muito de surpresa. Eles não imaginavam! Quando levei o PlayStation 4 para a escola, eles pensaram que não iria ter aula. E quem trabalha com educação lúdica tem muitos desafios, já que na educação infantil é comum e aceitável. Quando você leva o lúdico para os mais velhos e aplica atividade mais prazerosa e divertida para gerar conhecimento, eles levam um susto inicial e pensa que não tem relação ao conteúdo. Mas no fim, eles amam”, conta.

O futuro do bioma

Durante toda a sua carreira profissional, Thaiza explica que usar os jogos eletrônicos de forma lúdica foi a melhor forma de comunicar e entrar no mundo da nova geração.

“Eu acredito que é uma necessidade, e não apenas uma vontade. No fim das contas, o futuro está nas mãos deles (jovens). Eles vão organizar essa nova restauração e restabelecer o nosso planeta, ou não deixar a coisa pior, como já está. Usar o vide-game para isso, eu sinto que estou entrando no espaço deles. Se eu chegar lá e falar que eles precisam tomar consciência e fazer isso ou aquilo, eles não vão fazer. Eu brinco muito com eles, que o 8° e 9° ano é o limbo. Pois quando você é criança, e eu falo para não não desperdiçar a água, por exemplo, a criança obedece. E quando você é adulto você tem consciência pelo bolso. Já essa faixa etária, eles não querem agir como crianças, mas também não são adultos”, finaliza Thaiza.

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