O programa ‘Hora do Esporte’, desta segunda-feira (08/3), fez uma homenagem ao Dia Internacional das Mulheres. Para fazer a saudação, parte da equipe feminina da Sagres, as repórteres Nathália Freitas, Tandara Reis e Mariana Tolentino, receberam as convidadas Rafaela Ferro, Paula Parreira, Graça Torres, Natália Lara, Thaís Freitas e Kelly Matos.

Foram cerca de duas horas de programa especial às mulheres, em que as participantes e as convidadas debateram sobre os fatos recentes do futebol e compartilharam suas experiências ao longo dos anos trabalhando nessa área.

“As principais coberturas que eu fiz com certeza foram a Copa das Confederações, em 2013, e a Copa do Mundo de futebol masculino, em 2014. Foram experiências únicas. A oportunidade de fazer a cobertura, mesmo na época não tendo essa consciência, me mostrou o quanto é pouca a participação de nós mulheres nesses grandes eventos”, respondeu Rafaela Ferro, ao ser perguntada por Tandara quais coberturas foram mais marcantes na carreira da profissional.

A jornalista Rafaela Ferro, que também é professora, é mestra em comunicação e já atuou como repórter da editoria de esportes do jornal ‘O Popular’.

“Eu sempre gostei muito de ser jornalista, principalmente do ramo esportivo, e foi um caminho que surgiu na minha vida naturalmente. Eu já fazia jornalismo de maneira geral e gostava muito do esporte. Sempre que tinha oportunidade, eu me colocava à disposição para trabalhar no meio esportivo. Dessa maneira, consegui entrar realmente na cobertura de esporte. Ao longo da minha vida na profissão, podemos dizer que, principalmente aqui em Goiás, o futebol tem mais espaço, e é um ambiente muito masculino. Então eu fui quase que uma das primeiras dessa nova geração a entrar e tentar quebrar os tabus”, revelou Thaís Freitas, que já comandou o Globo Esporte da TV Anhanguera, foi assessora de comunicação do Goiás e hoje é apresentadora da TBC.

Apesar de experiências positivas compartilhadas, as jornalistas Graça Torres e Kelly Matos ponderaram episódios negativos vividos e que, segundo elas, costumam acontecer na profissão.

“Quando querem criticar um homem, falam que ele é ruim e pronto. Agora quando uma mulher é criticada, partem para ofensas, falam que é feia, ou do nariz dela”, disparou Kelly, jornalista da Rádio Gaúcha e primeira mulher a integrar o programa de debate ‘Sala de Redação’.

“Eu fui muito assediada, de todas as formas que puder imaginar, seja moralmente, sexualmente, jogador de futebol assediando, etc. Esse tipo de coisa foi muito desagradável, e antigamente era infinitamente pior do que é hoje. Na Copa de 98, um técnico parou a coletiva para dizer que estava sendo atrapalhado pelo meu decote”, lamentou Graça.

A jornalista Graça Torres é apresentadora da Televisão Brasil Central (TBC). Mestre em educação pela Universidade Salgado de Oliveira (Universo), Graça já foi correspondente nos Estados Unidos, trabalhou na ESPN e é uma das responsáveis pela criação da antiga Rádio K.

Outro cargo que vem abrindo as portas ao público feminino é o de narração de jogos de futebol ao vivo. Natália Lara, contratada recentemente pelos canais Disney (Fox Sports e ESPN), abraçou a oportunidade e estreou nas emissoras narrando um clássico do futebol francês.

“As conversas (com os canais Disney) se iniciaram em dezembro do ano passado e já era algo que eu queria muito, já que em 2018 eu participei de um processo seletivo da Fox Sports, do qual saiu narradoras que estão hoje no mercado. E em fevereiro, veio a proposta, negociamos até que houve o acerto”, contou Natália.

O debate ainda incluiu o clássico entre Goiás e Vila Nova, disputado no domingo (07). A equipe esmeraldina bateu o maior rival por 1 a 0, com gol de Miguel Figueira, e o que não faltou foi polêmica, tanto dentro quanto fora de campo. Houve pedidos de pênaltis, cusparada, jogo paralisado para o policiamento conter membros de diretoria.

“O clássico, em termos de futebol, achei que ficou devendo. É claro que é início de campeonato, mas tivemos uma temporada emendada na outra. Eu imaginava o Vila um pouco melhor no jogo, e isso se confirmou com um primeiro tempo melhor. Acredito que o Vila conseguiu se impor e criar um pouco mais de oportunidades, mas na segunda etapa o Goiás melhorou, conseguiu chegar ao gol em uma falha de marcação, teve as polêmicas de arbitragem, e o Vila continuou melhor, com bola na trave, mas não conseguiu empatar. São coisas do jogo mesmo”, opinou Paula Parreira, editora de esportes do jornal O Popular.

Para Tandara Reis, o espaço deu voz para um time de peso. “Foi uma honra poder estar entre mulheres tão talentosas e importantes dentro do jornalismo esportivo. Poder dar espaço e voz para essas profissionais contarem suas experiências e falar sobre futebol em um horário que o público está acostumado a ouvir homens, foi muito especial. Todas elas são uma grande inspiração não só para nós que estamos iniciando a carreira, mas também para muitas meninas que sonham em trabalhar com esporte. Uma vai abrindo as portas para outras e isso é só o começo”, destacou.

“Eu achei muito necessária essa iniciativa da Sagres de fazer um programa especial comandando por mulheres para falar de esportes. Foi minha primeira experiência no ao vivo na Sagres, então estava um pouco nervosa e ansiosa. Mas quando começou o programa, esqueci isso, porque foi muito bom, muito proveitoso. Gostei bastante dessa experiência, e no final o resultado foi incrível”, comemorou Mariana Tolentino.

Nathália reforçou a tradição do programa já consolidado no rádio goiano. “Foi uma experiência incrível apresentar um programa tão tradicional da emissora e ao lado de mulheres que têm muita história para contar. Foram várias experiências compartilhadas, muito ensinamento e muita opinião sobre futebol também. É lindo ver que as mulheres a cada dia que passa ganham mais espaço no jornalismo esportivo e motivos para fazerem o que quiserem”, pontuou Nathália.

Assista ao programa na íntegra:

Junior Kamenach é estagiário do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com IPHAC e a Faculdade UniAraguaia, sob supervisão da jornalista Kamylla Rodrigues