Integrar a educação emocional à formação cognitiva de estudantes da rede pública. Este é o objetivo do projeto de Educação Socioemocional. A ação é coordenada pelo professor Elson Silva, do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos (PPGIDH) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Um piloto do programa de educação socioemocional, entretanto, já teve aplicação em 2022, na Escola Municipal Mikeil Chequer, em Vila Velha, Espírito Santo. A ação, porém, só foi possível graças ao convênio entre Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape-UFG), Coletivo Trilhas do Ser e o PPGIDH.

Elson Silva conta que houve a integração de 30 projetos originais na rotina escolar. Ele relembra que, inicialmente, teve resistência durante a implantação, mas que ao final recebeu feedbacks positivos dos pais, alunos e colaboradores.

“Diminuíram os casos de conflitos entre colegas e professores, melhorou muito as relações entre os próprios trabalhadores daquele espaço e nós tivemos um feedback muito positivo dos familiares que reconhecem o trabalho desenvolvido”, finaliza.

Projeto surgiu em 2019

À época, a coordenadora e idealizadora do Coletivo Trilhas do Ser, Mariza Soares, convidou Elson Silva para elaborar uma coletânea de livros. As obras, no entanto, foram para crianças de 6 a 14 anos, voltados a integrar o aprendizado dos sentimentos à formação cognitiva.

“Recebemos esse convite e o próprio município indicou uma escola que é conhecida por enfrentar muitas dificuldades em seu entorno, como a violência”, afirma.

Segundo o professor Elson, entretanto, o município de Vila Velha possui histórico de iniciativas de implementação de educação socioemocional.

“A coleção Trilhas do Ser, que é o produto desse trabalho, tem mais de 80 atividades que misturam artes, reflexões, práticas e diversão, porque se a ideia é envolver os alunos não poderia ser chato”, conta.

Metodologia

A idealizadora do projeto, Mariza Soares, vê o projeto de educação emocional como uma ferramenta para que escolas brasileiras atinjam o objetivo de desenvolver competências socioemocionais nos estudantes, conforme a BNCC.

Para isso, no entanto, o coletivo e a UFG desenvolveram uma metodologia de ensino para os educadores. A iniciativa prepara-os para formar crianças e adolescentes que respeitem as diferenças, tenham empatia e que conheçam e saibam lidar com suas emoções.

“É um trabalho longo, que precisa de tempo, mas estamos plantando uma semente. O amor é o principal elemento para que as crianças desenvolvam as suas emoções. Então parcerias como esta são fundamentais para que a gente pense em políticas públicas que realmente invistam na educação de base”, afirma Mariza.

Adriano Doro, Elson Silva e Mariza Soares participaram da idealização do projeto (Fotos: Arquivo do projeto)

No lugar certo

De acordo com o professor Elson, a escola, portanto, é o local propício para inserir a educação socioemocional. Segundo o coordenador, trata-se de um ambiente em que os alunos ingressam ainda bastante jovens e passam a maior parte de seu tempo formativo.

“A escola assume um papel que muitas famílias não conseguem no país, de dar referência, de ser um espaço de acolhimento e cuidado”, conta.

Respeitar as diferenças, empatia, autoconhecimento, estratégias para o enfrentamento de conflito sem o uso da agressividade. Além disso, refletir sobre situações que nos retiram do equilíbrio são consequências da inserção do desenvolvimento de habilidades socioemocionais na educação básica.

Experiência positiva

Para o gerente de educação socioemocional no Espírito Santo, Elson Nascimento, a inserção do ensino sobre as emoções dentro da grade curricular resultará no maior desenvolvimento da sociedade. Além disso, entre os principais valores estão a afetividade e a valorização à vida.

“Falar hoje de educação socioemocional, de saúde e bem-estar das emoções é falar de uma escola que tem um compromisso com a vida e com a humanização do processo de aprendizagem e com a qualidade da escola pública que nós almejamos”, salienta.

A professora de História e mobilizadora do projeto na Escola Municipal Mikeil Chequer, Cleidimar Junca, acompanhou o projeto. Ela explica como foi a implementação da coleção Trilhas do Ser para alunos dos anos iniciais e finais do ensino fundamental.

“O projeto trouxe uma série de atividades que deveriam ser aplicadas na escola. Entre essas atividades, uma que se tornou realidade dentro da escola foi a meditação, que foi aplicada nos alunos do terceiro e sexto ano”, relata a professora.

Ademais, segundo Cleidimar, o projeto se mostra importante quando devolve o protagonismo do ensino a alunos e professores.

“Os professores do terceiro ano junto com os alunos, desenvolveram, além da meditação, uma almofada que seria uma espécie de consolo para o estudante levar para a atividade. Os alunos também fizeram desenhos nas almofadas com lembranças de ações que despertam calma neles”, conta.

Com informações da UFG

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