Os professores Gisele Andrade da Silva e Luiz Carlos Silva Junior venceram a categoria “Ensino fundamental – anos finais” da 2ª edição do Prêmio Professor Porvir com o xadrez quilombola. O projeto realizado na Escola Municipal Canabrava, da Comunidade quilombola de Flores de Goiás, ressignifica as peças do xadrez para valorizar a cultura quilombola.

Gisele aplicou a atividade com alunos do nono ano que fazem parte de uma turma multisseriada. No xadrez ressignificado, o rei é Ganga Zumba, o bispo é Zumbi, a dama é Dandara e os peões são os escravos. Desta forma, os alunos aprendem sobre a história e ao mesmo tempo fortalece a identidade cultural da comunidade em que estão inseridos.

Na votação do júri, Gabriel Salgado, gerente de projetos no Instituto Alana, disse que o projeto xadrez quilombola é uma proposta original e provocadora, que reinventa o jogo de xadrez ao deslocar seu lugar simbólico e narrativo para se conectar com a cultura, a realidade e a ancestralidade do território em que está situado. 

“A reconfiguração dos personagens, com uma revisão da narrativa colonial, promove a valorização de povos historicamente vulnerabilizados, como negros, indígenas e mulheres, gerando reflexões importantes sobre representatividade e histórias que precisam ser contadas”.

Um prêmio da comunidade

Prêmio Professor Porvir (Imagem: @primandade_luiz)

Os vencedores serão contemplados com um livro digital que reúne os relatos dos projetos vencedores. Além de um convite especial para o “Encontro com o Porvir”, evento anual que reúne educadores, especialistas e entusiastas da educação, que acontecerá em maio, e com passagem e hospedagem em São Paulo com todas as despesas pagas. Bem como com o Selo “Professor Porvir”, tornando-se influenciador da educação.

No Tom Maior, o professor Luiz Carlos mostrou o troféu da categoria. Mas em maio é a professora Gisele é quem irá para São Paulo receber outros prêmios que irão para o Quilombo Cana Brava. Os rostos no troféu são os do Luiz e de Gisele, mas ele destacou que é uma conquista da comunidade escolar, das costureiras, artesãos, e dos pais dos alunos.

“Levar um prêmio igual a este para o Quilombo Cana Brava onde muitos precisam do resgate da cultura da sua tradição é muito importante e serve também para o professor que está nos assistindo dar o pontapé inicial para o seu projeto. Às vezes vocês estão fazendo uma coisa que acham que é simples, mas pode significar muito na transformação da vida dos seus estudantes”, disse Luiz.

Gisele é da comunidade quilombola e está muito feliz com a conquista, sobretudo porque tentou muito fazer um projeto que fosse importante para a cultura quilombola local e que envolvesse os jovens de Cana Brava. “Foi muito gratificante ter uma temática dessa como ganhadora a nível nacional, foi maravilhoso para a comunidade, ficamos surpresos”, afirmou.

Gamificação na educação

O projeto segue uma linha inovadora que Luiz Carlos já vinha desenvolvendo na educação. O professor de biologia desenvolveu um jogo de tabuleiro didático para ensinar botânica aos alunos da Escola Estadual Santa Rita, no povoado Santa Rita, em Itaberaí. No tabuleiro, portanto, o professor colocou quatro grupos de plantas – briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas – para ensinar a matéria.

Conversar com a linguagem do aluno é uma ótima forma de ensino-aprendizagem, disse Luiz. O professor preza pela participação ativa dos estudantes e gosta de usar os jogos para desmistificar o uso deles na educação. “Eu venho de uma educação freiriana onde o aluno tem que ser um agente ativo no processo da construção do próprio conhecimento”, contou.

Por fim, o professor ressaltou que o xadrez quilombola tem fabricação sustentável, com material reciclado e reutilizado através de cascas, sementes e colcha de retalhos.

*Com informação da assessoria do Prêmio Professor Porvir

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 04 – Educação de qualidade.

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