Jovens usam a criatividade para promover inovação na geração de energia limpa e sustentável. Estudantes desenvolvem projeto de eficiência energética em um espaço do Instituto Federal de Goiás (IFG) – Câmpus Goiânia. As ações contemplam iluminação, geração de energia solar e aquecimento solar da água. Assista a seguir

Tudo é feito pensando na geração de energia limpa e utilização sustentável dos recursos naturais. Em uma das salas de aula, onde ficam estudantes do Curso Integrado de Eletrônica, eles convivem com uma dessas tecnologias: o sensor de presença, como relata Evandro Miguel, de 17 anos.

”A principal importância desse sistema é o gasto de energia, porque às vezes você pode deixar esquecido as luzes acesas e como ele não detecta nenhuma movimentação e nem calor, ele pode simplesmente desligar para você economizando bastante”, afirma o estudante.

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Saymon Gabriel da Silva, de 18 anos, também reconhece a importância da iniciativa. ”Principalmente evitar o desperdício de energia. Querendo ou não, é um gasto desnecessário para a maioria da população desperdiçar energia, porque já é cara e não está tão acessível mais”, constata.

Sensor de presença de um dos laboratórios do IFG – Goiânia (Foto: Sagres TV)

O sistema com sensores de presença nas salas de aulas e laboratórios é simples e levou 10 meses para ser instalado. Tudo foi feito sob a coordenação do professor e coordenador do Projeto de Eficiência Energética (PEE) do IFG – Câmpus Goiânia, José Luiz Domingos.

”É comum perceber que uma turma sai, termina a aula e sai da sala e deixa o sistema ligado. Então depois de alguns minutos, automaticamente, através dos sensores de presença, infravermelho e de ultrassom, ele detecta a presença de uma pessoa dentro do ambiente, não tem presença ele desliga”, descreve o coordenador.

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Além da automação de energia na sala de aula o IFG – Câmpus Goiânia conta com 5,7 mil novas lâmpadas de LED. A economia de energia em relação às convencionais pode chegar a 85%.

A professora de Engenharia Elétrica e Energias Renováveis, Luane Schiochete, afirma que atitudes simples podem ser tomadas em qualquer lugar, principalmente fora do ambiente acadêmico.

”A gente consegue aplicar aqui, consegue aplicar na indústria, consegue aplicar em casa. A gente vem sempre mostrando como melhorar isso tanto na escola quanto em casa”, relata.

Cleiber Nichida (Foto: Sagres TV)

Energia solar

O IFG – Câmpus Goiânia produz a própria energia, por meio dos painéis solares. E para que tudo funcione corretamente é preciso prestar muita atenção ao estado de conservação das placas.

O aluno de mestrado em Tecnologia, Gestão e Sustentabilidade, Cleiber Nichida, é aluno do professor José Luiz Domingos, e é responsável por um projeto que identifica problemas no sistema por meio da utilização de drones.

“O mais comum é a sujidade, a sujeira que se acumula nos painéis. Com o tempo vai se acumulando sujeira, e essa é a mais simples de ser feita. Só uma limpeza básica mesmo, com água, e o painel normalmente volta a funcionar com sua capacidade máxima. Já em alguns casos, às vezes pássaros ou alguma sujeira mais persistente que fique ali instalada no painel, pode ocasionar problemas de geração, pontos quentes que diminuem o desempenho”, argumenta Nichida.

De cima, os drones identificam as falhas. De acordo com o professor José Luiz Domingos, a sujeira que fica sobre os painéis, como a poeira, por exemplo, pode reduzir a eficiência da placa em até 30%. Se tudo estiver funcionando bem, a economia pode chegar a 95%.

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José Luiz Domingos (Foto: Sagres TV)

Xô, chuveiro elétrico

O chuveiro elétrico é, sem dúvidas, um dos vilões da conta de energia. No entanto, no ginásio do IFG – Câmpus Goiânia, isso não é mais problema. Isso porque o sistema de aquecimento solar leva a água aquecida para quatro grande reservatórios que alimentam os chuveiros dos vestiários da unidade.

”É uma água aquecida a partir da radiação solar. Os painéis coletores dessa radiação solar estão no telhado. A água fria passa por lá, e ela, a partir do aquecimento que é absorvido pela radiação solar, retorna e é armazenada aqui. Então aqui temos a água disponível para utilização dos nossos estudantes e da comunidade acadêmica, que antes era inclusive de água fria”, esclarece o professor José Luiz Domingos.

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Cada reservatório armazena até 1 mil litros de água quente, aquecida pelos painéis solares que ficam próximos ao vestiário do IFG – Goiânia.

Parceria

O investimento em iluminação, geração de energia e aquecimento solares não foi pequeno. Ao todo, foram R$ 2,5 milhões. Contudo, ter energia sustentável já trouxe economia em torno de 50% ao IFG Goiânia, cerca R$ 350 mil por ano a menos nas contas de luz da unidade. O projeto contou com a parceria da concessionária de energia, a Enel.

”A legislação prevê que as concessionárias de energia façam um investimento de 0,5% da receita operacional líquida em projetos de eficiência energética e projetos de pesquisa e desenvolvimento. Na época que nós fizemos os estudos, para efeito de gerar essa dissertação, nós buscamos capitanear recursos junto à concessionária de energia, que era a Celg Distribuição naquela época”, conta Domingos.

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A parceria foi uma das primeiras em Goiás, como explica o coordenador de Projetos de Sustentabilidade e Eficiência Energética da Enel Goiás, Adriano Faria.

”A gente aliou ações de eficiência energética, ou seja, substituição de equipamentos ineficientes por equipamentos mais eficientes como iluminação, em que a gente trocou todo o sistema antigo de lâmpadas tubulares, fluorescentes por tecnologia LED. Há ainda a questão do chuveiro elétrico, que é um grande vilão no consumo das famílias. Para se ter uma ideia, um chuveiro elétrico sozinho, aquele que tem a potência de 6.000 watts, equivale a 60 televisões ligadas ao mesmo tempo”, compara.

Símbolo de sustentabilidade

A árvore solar de 11 metros de altura, inaugurada em 2018, e que fica no centro pátio principal do IFG, serve de inspiração para os estudantes. A estrutura é símbolo do Projeto de Eficiência Energética.

”Ela é iluminada com tecnologia LED, e realça inclusive as campanhas nacionais de Outubro Rosa, Novembro Azul, Setembro Amarelo, as cores da instituição, virou um point dos alunos, com orgulho, para falar de sustentabilidade”, afirma Adriano Faria.

Árvore Solar do IFG – Goiânia (Foto: IFG)

A instalação da árvore foi possível graças a um acordo de cooperação técnica assinado entre o IFG e a Enel Distribuição Goiás/Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que viabilizou cerca de R$ 2,6 milhões para a instalação da estrutura e demais ações do Projeto de Eficiência Energética na unidade.

Além de contemplar o Câmpus Goiânia, a cooperação técnica com a Enel/Aneel atende o Câmpus Itumbiara, Anápolis, Aparecida de Goiânia, Formosa, Inhumas, Jataí, Luziânia, Valparaíso, Uruaçu e Senador Canedo.

Reservatórios de água aquecida com radiação solar (Foto: Sagres TV)

Mudança de comportamento

No IFG – Goiânia, por exemplo, a educação mostra que cuidar do planeta começa com pequenos gestos, seja apagando as luzes ou aproveitando recursos naturais de forma sustentável, como bem reforça o professor José Luiz Domingos.

”Os aspectos de eficiência energética não passam apenas na questão de usar equipamentos tecnológicos que necessitam de menos energia, mas elas passam também pelas mudanças sociais, da pessoa, do cidadão no dia a dia, passara a desligar uma lâmpada. Observar que é necessário diminuir o desperdício de energia”, conclui.

Chamada pública

Para incentivar a sociedade, a Enel Goiás lançou uma chamada pública para apresentação de novos projetos de eficiência energética. Ao todo, serão disponibilizados R$ 5 milhões, sendo R$ 2 milhões para iniciativas de iluminação pública e R$ 3 milhões para projetos de outras tipologias.

Qualquer cliente pode participar clicando aqui . As inscrições vão até o dia 21 de outubro.

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