Com o avanço de tropas ucranianas, que buscam recuperar territórios perdidos para a Rússia na guerra, que se estende desde fevereiro no Leste Europeu, o presidente russo Vladimir Putin convocou, na última quarta-feira (21), 300 mil reservistas no país e ameaçou usar todo tipo de armamento, inclusive armas nucleares para defender o território do país. O professor Norberto Salomão analisou que as declarações de Putin não parecem blefe, mas que para isso, ele precisa cumprir a legislação do país.

“Só pode usar arma nuclear se o território russo estiver ameaçado ou se alguém atacar a Rússia com esse tipo de armamento. Vale lembrar que a Rússia não foi atacada, o que faz inclusive com que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, diga que essa é a guerra de um homem só”, explicou o professor.

Assista a análise do professor:

Além da legislação russa, outro problema para a Rússia, caso use armas nucleares, é que provocaria a reação de outros países, que também possuem esse arsenal. “Haveria contraofensiva quase que imediata dos Estados Unidos, Reino Unido e França, todos países com armas nucleares. A gente poderia ter uma guerra nuclear sem precedentes, o que não seria nada bom”, disse.

Norberto destacou que Putin tenta passar uma imagem de invencível, mas que essa reação ucraniana pode mostrar o contrário e deixar o presidente russo mais imprevisível. Diante disso, pode ocorrer tanto uma radicalização na guerra, quanto o início de uma negociação para que o conflito chegue ao fim.

“Mas é um momento de tensão. Isso pode se ampliar para outros lugares como a questão da china e de Taiwan. Isso é um precedente que não é nada bom para a paz mundial. Nós estamos precisando de maiores conversações, negociações. Estamos com a 77ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e ali tem líderes mundiais falando sobre isso”.

Crise interna

A convocação de 300 mil reservistas não foi bem recebida pelos russos. O país tem um regime muito rígido e, mesmo assim, cerca de 1.200 pessoas foram presas ao se manifestarem após o anúncio, além de vários cidadãos que tentam deixar o país. “Quando ele convoca esses 300 mil homens, que a última vez em que isso ocorreu foi na segunda guerra mundial, além de reações internas, ele tem uma oposição muito mais explícita”, concluiu.

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