Há algumas coisas nesse mundo que não são feitas para o ser humano entender. Elas simplesmente acontecem e pronto. Caberia a nós recolhermos à nossa insignificância e aceitar, doeria menos. Mas não é assim. As coisas inexplicáveis é que mexem tanto com a gente, nos tira o sono e causam tanto desassossego. Afinal, o que poderia irritar mais o ser humano, um ser caracterizado fundamentalmente pela racionalidade, do que a incompreensão?

É nesse universo desconhecido que o destino trata de traçar os caminhos mais marcantes da nossa vida e aonde nos deparamos com experiências únicas e transformadoras. Entre elas está a perda. Cruel e incompreensível, a perda é imposta goela abaixo e tragada à marra, com um gosto amargo e que fica impregnado para sempre nas entranhas de quem perde.

A gente nunca sabe o porquê ela acontece e porque temos que aceitá-la. Parece sempre tão injusto. Na verdade acaba sendo mesmo, ninguém nunca está preparado para perder algo, muito menos alguém. É uma dor que jamais se esquece. Apenas se guarda em algum lugar bem escondido e deixa lá, quietinha, até o dia em que uma lembrança ou a saudade a fizer sangrar novamente.

E quando essa lembrança vem, ah, Deus! Bagunça a gente todo. Às vezes fica quase impossível suportar tudo de novo. E é então que vem na mente: porque? Porque tinha que ser assim? Porque tudo tem que acabar, mesmo a gente não querendo? Porque tem. Simples. As coisas acontecem e fim. Nosso egocentrismo não deixa a gente perceber que, no fundo, não somos donos das nossas vidas, nossas vidas é que são donas de nós.

Acho que o único remédio para a perda é saber aceitar. “Todo carnaval tem seu fim”, como diz a música. Por mais que o carnaval tenha terminado de uma maneira inesperada ou mesmo antes da hora, um dia, bem ou mal, ele acabaria. Só nos resta pegar na mão do sempre consolador Gabriel García Marquez e repetir inúmeras vezes para nosso coração: “No llores porque ya terminó. Sonríe porque sucedió”.