O Brasil é um dos maiores mercados consumidores de agrotóxicos do mundo. Porém, o título reflete-se na saúde da população, em que 56.870 pessoas intoxicaram involuntariamente pelas substâncias entre 2010 e 2019, segundo dados do Ministério da Saúde. A nível mundial, o problema de saúde atinge 1 milhão de pessoas por ano.
A questão dos agrotóxicos no Brasil está detalhada no livro “Agrotóxicos e Colonialismo Químico” da pesquisadora brasileira Larissa Bombardi. Então, ela relata que o país libera grandes quantidades de agrotóxicos que são proibidos na União Europeia.
De acordo com a pesquisadora, as substâncias mais vendidas no país são proibidas na Europa. Entre elas estão: mancozebe, atrazina, acefato, clorotalonil e clorpirifós.
Alimentação
A pesquisadora apontou que o tebuconazol é um inseticida proibido na Europa, mas aprovado no Brasil. O limite de uso do produto na água potável é 1.800 vezes maior que o limite da União Europeia. Mas o inseticida aparece no arroz, alface, brócolis, repolho e mamão.
O tebuconazol é proibido na Europa porque provoca alterações no sistema reprodutivo e malformação fetal.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a possibilidade de câncer através do glifosato, o agrotóxico mais vendido no Brasil. No entanto, é autorizado no país com limite cinco mil vezes maior do que na União Europeia, onde é proibido. Mas a substância é um herbicida utilizado na água potável.
Agronegócio e saúde
Os agrotóxicos estão amplamente presentes no agronegócio brasileiro. No livro, Larissa Bombardi relaciona a presença das substâncias com problemas de saúde humana, mas também para o meio ambiente. Segundo a pesquisadora, a concentração de terras nas mãos de poucos proprietários rurais contribui para o alto uso dos agrotóxicos.
“Temos observado o avanço das commodities e com ela o uso indiscriminado dos agrotóxicos com a justificação da importância da balança comercial ou da segurança alimentar. No entanto, os danos são imensuráveis, para o meio ambiente e especialmente para as pessoas. É preciso questionar quem lucra com esse sistema e quem o defende”, destacou Larissa.
Larissa Bombardi mostrou o crescimento do uso de agrotóxicos no Brasil. Somente entre 2019 e 2022, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento liberou 2.182 agroquímicos. O ministério já liberou 231 em 2023, com dados contabilizados até julho.
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Agroecologia
A agroecologia é responsável pela alimentação de milhões de pessoas no país. Para Bombardi, a agroecologia, a agricultura indígena, camponesa e a reforma agrária estão no caminho para reduzir o uso de agrotóxicos no território brasileiro.
Autora do estudo publicado em livro aponta que “a produção agrícola deixou de ser sinônimo de produção de alimentos”. Assim, detalhou que o capitalismo em detrimento da saúde e nutrição humana é o destaque deste mercado que movimenta cerca de US$60 bilhões por ano.
*Com informações do portal CicloVivo
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