Os mutirões de reflorestamento no Rio de Janeiro ganharam um reforço importante. A Prefeitura do Rio anunciou no último dia 5 de janeiro de 2024 que drones semeadores serão usados para trazer mais verde à “cidade maravilhosa”. Uma demonstração do equipamento já aconteceu no Mirante do Pedrão, em Botafogo, dentro do Parque Maciço da Preguiça.
A adoção da nova tecnologia faz parte do plano de contingência para amenizar o impacto das ondas de calor para a população. O projeto-piloto deste novo método de trabalho de reflorestamento vai acontecer na Floresta da Posse, em Campo Grande, uma Unidade de Conservação.
Os drones semeadores são uma aposta para dar velocidade ao reflorestamento no Rio. Na Floresta da Posse, o drone será usado no plantio de espécies nativas locais, usando a tecnologia da startup franco-brasileira Morfo, parceira da Prefeitura do Rio na iniciativa. Com esta tecnologia será possível chegar a áreas de difícil acesso, para os agentes que realizam o mutirão de reflorestamento tradicional.
A estimativa é de que uma equipe com duas pessoas e um drone possa replantar 100 vezes mais rápido um campo do que se fossem utilizados os métodos tradicionais. Outras vantagens são a amplitude da biodiversidade de espécies utilizadas e a redução de custos. Numa ação, pode-se contar com pelo menos 20 espécies nativas, a um valor até cinco vezes mais barato, não só pela rapidez de plantio, mas também porque o plantio com sementes evita a implantação de um viveiro e sua manutenção por vários meses.
Além do lançamento de sementes, as ações de reflorestamento incluem o monitoramento das áreas reflorestadas, com fornecimento de dados de forma constante, transparente e de visualização simples em um dashboard personalizado. Com as imagens, que serão geradas por satélites e outros drones, será possível acompanhar a cobertura vegetal, biodiversidade e estoque de carbono dos espaços reflorestados.
“A gente usa o drone para chegar em áreas de difícil acesso para as pessoas. Além disso, ele tem uma utilidade muito grande porque permite ampliar o escopo de reflorestamento. Sendo que o trabalho começa muito antes, com o reconhecimento da área, com a identificação das melhores espécies a serem plantadas naquela região e termina muito depois com o monitoramento de longo prazo justamente daquela área. O drone é a parte central desse trabalho todo”, destacou o CEO da Morfo no Brasil, Grégory Maitre.
As etapas do novo modelo de reflorestamento
Tudo começa com o diagnóstico do solo, feito a partir de imagens de satélite e de drone, para mapear a topografia, os recursos hídricos e a cobertura vegetal existente – se é composta de vegetação nativa ou de espécies invasoras, por exemplo. Em laboratório, outras características são analisadas, como a compactação, a umidificação e a composição mineral e orgânica.
A próxima etapa é identificar pelo menos 20 espécies nativas com mais chances de sucesso para aquele solo, incluindo variedades dos três estágios da sucessão ecológica, como plantas rasteiras, arbustos e árvores. Essa seleção também é feita em laboratório, com testes que avaliam a taxa de germinação, as substâncias necessárias para a fixação e crescimento e quais podem ser plantadas in natura e quais vão precisar serem envoltas por uma cápsula nutritiva.
Após essa definição, o plano de plantio é feito por inteligência artificial, que calcula quais sementes serão plantadas em quais áreas, junto com quais espécies, a proporção de sementes de cada uma delas e a quantidade necessária para cada espaço, criando padrões de plantio complexos, a chamada “plantação inteligente”.
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A terceira etapa é a dispersão das sementes encapsuladas e in natura de acordo com o plano, feita com uma equipe de duas pessoas e um drone. Uma das vantagens desse método é a facilidade de logística para áreas de difícil acesso, sem a necessidade de deslocamento de uma equipe numerosa, tornando o processo mais seguro para os colaboradores envolvidos. Além disso, o drone tem todo o plano de voo pré-determinado, a fim de garantir o nível máximo de segurança para a equipe.
Como um único drone é capaz de dispersar 180 cápsulas e sementes das múltiplas espécies por minuto, reduzindo muito o tempo de permanência da equipe em locais isolados. O método também dispensa os meses de nutrição em viveiro das mudas, assim como o transporte delas até a região do plantio.
Com as sementes no solo começa a etapa de monitoramento, feito com imagens de satélites e de drones, que utilizam inteligência artificial para estudar a evolução da cobertura vegetal e também da biodiversidade. Essa avaliação também permite detectar imprevistos, como eventos climáticos adversos ou o surgimento de espécies invasoras. Todas essas informações ficarão disponíveis em uma plataforma, à disposição da Secretaria de Meio Ambiente e Clima, para que o trabalho possa ser acompanhado.
Reflorestamento na Floresta da Posse
A Floresta da Posse é uma Unidade de Conservação de Mata Atlântica, localizada em Campo Grande. Lá, serão plantadas 160 mil mudas de árvores. Nos últimos anos, já foram plantadas 62 mil mudas de mais de 100 espécies, ampliando a área de mata para 950 mil metros quadrados, equivalente a 95 campos de futebol. Também serão realizadas ações de recuperação de mananciais e de proteção da fauna e flora nativas.
Refloresta Rio
Desde o início do Refloresta Rio, nos anos 1980, foram reflorestados o equivalente a 3.600 campos de futebol e plantadas mais de 10 milhões de mudas, em mais de 200 comunidades atendidas com serviços ambientais, gerando vários benefícios para a população.
Em 38 anos de vida, o programa de reflorestamento da Prefeitura do Rio teve a participação de mais de 10 mil colaboradores e voluntários, hoje o programa conta com cerca de 470 mutirantes (voluntários com ajuda de custo).
Desde 2021, já foram plantadas mais de 368 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica com uma diversidade que já ultrapassou mais de 168 espécies nativas do Bioma. Mais de 60% dos plantios foram realizados na Zona Oeste, principalmente na APA de Inhoaíba, Santa Eugênia e Cantagalo, na ARIE da Serra da Posse e na Serra de Sulacap.
Por: Redação CicloVivo
*Este conteúdo está alinhada à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).