Um estudo desenvolvido por um grupo de brasileiros indica que as reservas legais e Áreas de Proteção Permanentes (APP) no Cerrado podem proteger até 25% da área dos hábitats de 103 espécies de animais ameaçadas de extinção, se estiverem recompostas. Entre os participantes do estudo, estão pesquisadores de Goiás.

A proteção nos habitats naturais podem proteger espécies como: o Lobo-guará, o Tamanduá-Bandeira e a Onça-Pintada. O estudo foi divulgado no final de abril, na renomada revista Science. Os pesquisadores analisaram dados de quase 685 mil propriedades em áreas de Cerrado.

Preservação ambiental é responsabilidade de todos. Foto: Samuel Straioto.

Etapas

O Novo Código Florestal Brasileiro (Lei de Proteção da Vegetação Nativa do Brasil), de 2012, estabelece que as propriedades rurais privadas precisam manter uma porcentagem de vegetação nativa no Cerrado. O total varia de 20% a 35%.

O trabalho foi dividido em duas etapas. Na primeira fase de análise, os pesquisadores somaram todas as áreas privadas de preservação que existem hoje no Cerrado, e simularam um cenário ideal em que elas estariam restauradas, conforme prevê a lei.

Nessa primeira etapa, 15% dos hábitats de animais ameaçados estariam dentro das propriedades privadas.

Já, em um segundo momento, os pesquisadores usaram dados do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas).

Foram descontadas áreas em que as espécies ocorreriam se não estivessem ocupadas por atividades humanas como urbanização ou mineração.

Excluindo esses espaços, as áreas de proteção dentro de terras privadas se tornariam ainda mais relevantes, chegando a somar 25% dos hábitats para essas espécies ameaçadas.

Necessidades

Os dados também apontaram áreas prioritárias para restauração, localizadas, em sua maioria, na região sul do Cerrado, no estado de São Paulo.

Essas áreas foram transformadas em pastagens e plantações de soja, milho, algodão e cana que estão alterando a ecologia e o clima do ecossistema, o que pode se tornar irreversível em algumas regiões.

A adoção de técnicas de restauração assistida, quase natural, como cercar uma área para que o gado não entre pode abrir espaço para a rebrota da vegetação nativa, são algumas saídas.

Aumento de Temperatura

O Cerrado está hoje, nos meses de estiagem, até 4 graus Celsius (°C) mais quente do que nos anos 1960, além de mais seco.

Em algumas regiões, também vem sofrendo queimadas mais intensas, duradouras e frequentes do que algumas décadas atrás.

Neste século, com base em dados de 2021, o desmatamento em áreas do Cerrado ocorre a um ritmo de cerca de 0,5% de sua área ao ano, duas vezes superior ao observado na Amazônia.

Com informações da Fapesp.

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