Grandes nomes do esporte são capazes de inspirar novas gerações. Nesta semana, Arthur Antunes Coimbra, o Zico, esteve em Goiânia para compartilhar conhecimento e um pouco de sua carreira de sucesso. Aos 70 anos, o maior ídolo da história do Flamengo-RJ ministrou a palestra “Experiência no mundo esportivo e na gestão esportiva”, no Sesc Faiçalville.
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Zico, que tem projetos sociais como uma de suas principais bandeiras, reforça o esporte como caminho para inclusão e redução das desigualdades. “Com dedicação, com exemplo, com motivação, com conhecimento, que é o mais importante. Não adianta só falar sem ter vivenciado aquilo. A inspiração é essa, porque vivenciei momentos como secretário de Esportes da Presidência da República, como presidente do Sindicato dos Jogadores do Rio de Janeiro. Criei em 1990 o primeiro Departamento de Pessoas com Deficiência no Brasil. Hoje fico orgulhoso de ver todos esses resultados como os que o Brasil têm tido nas Paralimpíadas. Joguei por mais de 20 anos para uma entidade de pessoas com deficiência no Rio de Janeiro”, afirma.
O presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac Goiás, Marcelo Baiocchi, destaca a iniciativa de trazer Zico para reforçar o incentivo ao esporte e à formação de gestores nesta área. “Além de um esportista, ele é também um investidor na área social. Assim como nós do Sesc também temos nossos investimentos na área social muito fortes, em especial com os jovens, com as crianças. Temos uma escola hoje com 3 mil alunos, sendo 600 deles 100% bolsistas que não pagam nada e recebem lanche todos os dias. Então a história do Zico pode se confundir com a história do Sesc”, afirma.
Ser Esportista
O Galinho de Quintino inspira crianças Brasil afora. É o caso da goiana Maria Elisa Rodrigues de Queiroz, de dez anos. Ela é estudante do 5º ano do Sesi Planalto, em Goiânia, e é atleta de natação do programa Ser Esportista, do Sesc Goiás. “Tenho ele [Zico] como inspiração, porque ele sempre esteve no futebol, sempre continuou e persistiu. Temos que ter mais meninas no esporte. Eu incentivo as minhas amigas. Aqui tem esportes e é de graça”, diz.
O irmão mais velho, Miguel Rodrigues, é atleta de futsal também pelo Ser Esportista. “Eu me inspiro muito nele [Zico], por ser rubro-negro, e o fato de ele vir aqui também atrai muitas pessoas para o projeto. Eu gosto muito. É de graça, é acessível, e é uma chance a mais de treinar e ser jogador de futebol”, afirma.
A mãe, dona Elma Maria Braga, é autônoma. Ela se enche de orgulho ao falar dos filhos atletas. “Esporte faz parte da vida. O exemplo que o Zico nos dá de persistência, de continuar, mesmo na dificuldade, faz toda a diferença”, afirma.
Projeto Crescer
Jean Carlos de Fátima viajou cerca de 100 quilômetros para acompanhar a palestra de Zico. Ele coordena o Projeto Crescer, em Vianópolis. Criada em 2010, o projeto sócio-educativo atende hoje aproximadamente 120 crianças no município.
“Zico é uma referência. Não poderíamos perder a oportunidade de estarmos aqui nesse momento e ouvir palavras de alguém experimentado no meio do esporte e que tem muito a agregar. Estamos aqui para aprender e levar um pouquinho às crianças de nossa cidade”, afirma. “Nosso intuito é levar valores, princípios. Em todos os treinos temos a oportunidade de falar sobre família, princípios importantes, tirar essa garotada de drogas, de se envolver em um caminho errado. Já estamos há 13 anos desenvolvendo esse trabalho com muita alegria e esforço”, complementa.
O Projeto Crescer atende meninos de 7 a 14 anos. Os treinos no futebol acontecem quatro vezes na semana, sendo dois dias dedicados ao futsal e dois ao futebol de campo. As categorias são divididas em sub-7, sub-9, sub-11 e sub-13. “Zico é uma referência mundial, é um exemplo de atleta, de pai, de avô. Hoje a gente procura levar para o Projeto Crescer essas pessoas que têm a agregar. Não só o Zico, como outros desportistas mundiais. Ele tem uma grande história não só no futebol brasileiro como no mundo”, afirma Ricardo Aparecido da Silva, professor do Projeto Crescer.
Esporte nos Bairros
Presente na palestra, o secretário Municipal de Esportes de Goiânia, Danilo Rabelo, falou sobre o projeto Esporte nos Bairros 2.0, que já realiza mais de 20 mil atendimentos em toda a capital. “Temos diversas atividades públicas, geralmente em parques, ginásios ou associações que temos parcerias. O importante é capilarizar e levar às sete regiões de Goiânia esse trabalho”, afirma. “Zico, além de ser um craque dentro do campo, é um craque fora do campo, mostrando o que é a importância da liderança, do trabalho em grupo e que o resultado só vem com muito esforço e dedicação”, complementa.
Questionado sobre o que dizer às meninas e jovens atletas que viram recentemente a seleção feminina se despedir precocemente de mais uma Copa do Mundo, Zico enfatizou o destaque que a categoria vem recebendo. “O Brasil hoje está dando um espaço muito grande, a mídia sentiu a importância de dar cobertura ao futebol feminino, muitas jovens. Eu fundei meu centro de futebol em 1995, e eu tinha 70 meninas lá fazendo futebol, então isso não é de agora. Só que naquela época não se dava cobertura. Hoje se dá cobertura, espaço, mídia, tem campeonatos no Brasil, então isso tudo faz com que haja uma motivação muito grande por parte dos jovens, das meninas mais jovens”, afirma.
Igualdade no futebol
O craque das seleções brasileiras de 1982 e 1986 defendeu ainda que o Brasil possui totais condições de fazer com que cada vez mais escolas promovam o futebol feminino. “Eu vivi anos em um país como o Japão, que está aí disputando a possibilidade de um mundial, e lá, desde pequenas, nas escolas, as meninas jogam assim como nos Estados Unidos, e isso cada vez mais pode ser feito aqui no Brasil também”, conclui.
A palestra de Zico ocorreu nesta quinta-feira (10) de forma gratuita. A única exigência para participar era a doação de 1 quilo de alimento não perecível. “Com certeza ele [Zico] tem essa capacidade de poder fortalecer uma categoria como o esporte feminino no futebol”, pontua Marcelo Baiocchi.
Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 01, 05 e 10 – Erradicação da pobreza, Igualdade de gênero e Redução das desigualdades, respectivamente.
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