A cidade tem diversos pontos de turismo de negócios e o fato é que os governos fazem questão de quebrar todos eles. Para as Receitas federal, estadual e municipal, seguindo a política dos chefes de seus Executivos, a sonegação é normal, anormal é pagar os impostos que os sustentam.  Assim, o fisco nos três níveis tolera a renúncia de tributos via omissão do poder público. Quando inventam de arrecadar mais, vão em cima de quem já paga impostos, não atrás de quem sonega.

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Os três maiores shoppings a céu aberto de Goiás são o bairro de Campinas, a Avenida Bernardo Sayão e a Feira Hippie. Goiânia tem mais de trezentas feiras e camelódromos, além de milhares de banquinhas em calçadas, pit dogs ocupando praças inteiras e vendedores de espetinho nas esquinas. Em vez de aproveitarem a vocação empreendedora do povo, os governos preferem vitaminar os aproveitadores. Para os governos, a melhor maneira de estimular o comércio é falindo o comerciante.

No império do populismo, a atividade é nobre quando reina o coitadismo. É desnecessário que o beneficiado seja pobre, basta que dê uma de coitadinho. Aí, os governos o protegem, como fazem com os milionários camelôs vindos de Brasília para a Feira Hippie e a Rua 44. Com isso, perdem os lojistas estabelecidos, o comerciante formal, aquele que tira metade de seu faturamento para pagar impostos, aluguel, obrigações trabalhistas.

Na tentativa de ganhar voto, os governantes agridem a Lei de Responsabilidade Fiscal, pois abrem mão de receita. Há setores da economia com até 90% de sonegação, as autoridades sabem disso e não agem. Os derrotados são a sociedade e, principalmente, os empresários legalizados, que sofrem com a concorrência desleal. O retrato dos erros dos governantes está nas portas fechadas de lojas na Avenida 85, na Fama, em Campinas e para todo lado em que as vítimas caem na bobagem de pagar impostos.

Em vez de atirar os comerciantes na informalidade, o poder público deveria formalizar quem está ilegal, até para reunir condições financeiras de aproveitar a vocação empreendedora do povo. O camelô e outros sonegadores gostariam de ser lojistas dentro da lei, os governos é que querem transformar os lojistas em camelôs. Fazer de cada ponto de negócio um ponto de vendedor ambulante.