Dirigente do Atlético Goianiense há 15 anos, Adson Batista completa em 2020 seu segundo ano como presidente executivo do clube. Em 2019, nos 12 primeiros meses de seu mandato, o rubro-negro levantou o troféu do Campeonato Goiano e também conquistou o acesso da Série B para a Série A do Brasileirão.

Em 2020, de volta à elite do futebol brasileiro, chega ao último dia de dezembro na 12º colocação do torneio nacional e na faixa de classificação para a Copa Sul-Americana, além de ter sido o melhor goiano na Copa do Brasil -chegou até às oitavas-de-final- e ser o líder do estadual quando a competição foi paralisada em março. Ao todo foram 45 partidas do Atlético-GO no ano, com 18 vitórias, 13 empates e 14 derrotas.

Por todos esses feitos, a equipe ganhou uma nota acima da média do presidente Adson Batista. “Para o Atlético-GO, até o momento, a nota é oito. Hoje estamos além do que imaginávamos. Se a gente chegar na Sul-Americana a nota será 10 porque eu sei das nossas limitações. Tem seis times na Série B que têm folha maior do que a do Atlético-GO na Série A, dinheiro não é solução de tudo, mas mostra que o Atlético-GO tem um trabalho realmente diferente”, analisou em entrevista à Sagres.

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Adson Batista – Presidente Atlético (GO) / Foto: Nathalia Freitas)

Cristóvão Borges

Diferente de outras oportunidades, o Atlético-GO iniciou o ano com a sua comissão permanente comandada por Eduardo Souza à frente da pré-temporada. Depois do acesso em novembro de 2019, a diretoria não conseguiu garantir a permanência de Eduardo Barroca no comando técnico, mas também não teve pressa para encontrar o treinador para 2020.

O nome preferido do clube na época era Zé Ricardo, mas a negociação não acabou avançando e na segunda rodada do Campeonato Goiano o Dragão estreou Cristóvão Borges. A passagem, no entanto, não durou muito e o profissional foi demitido após sete partidas e com 66% de aproveitamento.

Em entrevista à repórter Nathália Freitas o presidente Adson Batista voltou a falar sobre a saída do treinador, mas evitou dizer que foi um erro contratar o experiente Cristóvão Borges.

“Não vou ficar aqui expondo ninguém, cada um tem sua forma de enxergar, mas uma crítica que eu faço é que os treinadores não podem ficar muito tempo sem conviver com o dia a dia, e têm que buscar se qualificar e estudar. Logicamente o Cristóvão (Borges) não se adaptou ao nosso trabalho e eu não podia correr risco e esperar as coisas acontecerem. Foi um ano atípico e eu tomei a decisão certa. Depois veio a pandemia, tivemos muitos problemas e foi importante eu tomar aquela decisão mesmo sem saber que viria essa pandemia porque acabamos economizando também”, relembrou.

Vágner Mancini

Comemoração do técnico Vagner Mancini (Foto: Heber Gomes/ACG)

Assim como no início da temporada, a diretoria atleticana não teve pressa para contratar um novo treinador já que durante alguns meses não havia previsão para o reinício das competições no país. Com a liberação dos treinamentos em Goiânia, Eduardou Souza voltou a comandar a preparação da equipe até a contratação de Vágner Mancini no fim do mês de junho.

O treinador de 53 anos esteve à frente do Atlético-GO em 18 partidas e apesar de ter apenas 38% de aproveitamento, ajudou o clube a vencer partidas importantes, como o 3 a 0 sobre o Flamengo na estreia e a classificação para as oitavas-de-final da Copa do Brasil. Não só pelos números, mas também pelo estilo de jogo implantado, foi eleito pelos comentaristas da Sagres como o melhor técnico do futebol goiano em 2020. Título que na visão do dirigente, foi justo.

“Totalmente justa (a eleição). Ele ficou aqui um tempo maior e ele implantou um sistema de jogo, uma forma de jogar saindo com a bola de trás e com coragem. Uma coisa que o Mancini sempre falava aqui era que a diferença hoje de um time grande para um emergente como o Atlético-GO, ela é muito pequena. Talvez uns três ou quatro times tenham alguns três ou quatro jogadores diferentes, o resto é na consciência tática e na coragem de jogar. Eu não vi nenhuma jogador nessa campanha nossa com medo de jogar. O Mancini trouxe essa coragem de jogar, conseguiu passar isso para os jogadores”, destacou.

Apesar de hoje o time ter um melhor aproveitamento com Marcelo Cabo, Adson Batista também credita o sucesso do Atlético-GO na Série A ao treinador que hoje defende o Corinthians.

“Ele tem uma parcela muito grande. Eu tive a grata satisfação de conhecer ele como pessoa e como profissional. É excelente pessoa e excelente profissional. O Vágner Mancini é um treinador que precisa ser respeitado. O Atlético-GO também foi importante para ele. Eu reconheço que ele passou pelo Atlético-GO e deixou seu legado”, afirmou o presidente rubro-negro.

Novo escudo

Ainda durante o período de paralisação dos campeonatos pela pandemia, o Dragão apresentou uma novidade para seus torcedores. A partir de sua estreia no Brasileirão o clube passou a utilizar um novo escudo que apesar de estar presente em 2020 nos uniformes 2 e 3, na próxima temporada também vai estampar a camisa número 1.

Antes receoso com a mudança, Adson Batista vê a decisão como uma das principais em sua história no Atlético-GO.

“Hoje avaliando eu era um pouco conservador. Agora vejo que foi uma das decisões mais acertadas que tive no Atlético-GO. Hoje o clube é conhecido no Brasil de maneira única e elogiada. Esse escudo foi um acerto muito grande e eu me sinto muito feliz de ter tido a coragem, que é uma marca nossa ao longo desses 15 anos. Foi muito corajoso da nossa parte. É um escudo moderno, arrojado e que não esqueceu da tradição e da história do Atlético-GO. Ele é muito bonito e foi uma aceitação quase unânime, nunca vi isso”, disse.

Situação financeira

Dono do menor orçamento entre os 20 clubes que disputam a elite do futebol brasileiro, o Atlético-GO ainda teve neste ano o agravante da pandemia que resultou no rompimento de algumas parcerias comerciais. No rubro-negro, a grande perda foi a Estadium.bet que seria a patrocinadora máster e valor do patrocínio seria destinado para a reforma do Estádio Antônio Accioly.

Apesar dessas dificuldades e também de não poder contar com a receita das bilheterias nos jogos, a avaliação da diretoria é que o clube terminará o ano estabilizado financeiramente.

“Eu digo que (o Atlético-GO) termina (o ano) no azul. Nós temos dívidas, mas estamos conseguindo fazer uma campanha muito equilibrada e ficando na Série A nós teremos aquele valor por colocação que vai praticamente sanear nossos problemas. Nós vamos ter muitas coisas que vão trazer solidez, então passa tudo por essa permanência. Ficando na primeira divisão, o Atlético-GO estará muito equilibrado financeiramente”, revelou Adson.

Ouça na íntegra a entrevista do presidente Adson Batista à repórter Nathália Freitas: