Roraima bate recorde de queimadas e emissão de carbono cresce no Brasil

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais indicam que o estado de Roraima teve, entre janeiro e fevereiro de 2024, 2606 focos de calor colocando o estado no topo da lista batendo um recorde de queimadas este ano. Isso corresponde a quase 30% dos focos em todo o país. Com isso, a emissão de carbono pelo Brasil também disparou e está sendo observada pela comunidade internacional.  

Em comparativo, o estado do Mato Grosso que aparece em segundo na lista, apresentou 1545 focos de calor, mais de mil a menos que o território na Amazônia. A situação em Roraima é preocupante e tem dois fatores de influência primordiais: a seca severa com influência do El Niño e as queimadas feitas pelos produtores rurais para a limpeza das áreas de plantio e pastagem.  

Recorde de emissão de carbono 

A situação crítica em Roraima e em outros países vizinhos da América do Sul como a Venezuela foi o assunto de um comunicado do observatório ambiental europeu Copernicus. O texto fala sobre o aumento significativo das emissões de carbono em fevereiro em virtude dos incêndios florestais.  

Os dados do observatório, que rastreia as emissões desde 2003, apontam que até o dia 27 deste mês, as queimadas emitiram 4,1 megatoneladas de carbono, índice mais alto para o Brasil em ao menos duas décadas.  

“Foi detectado um aumento significativo no número de incêndios, sua intensidade e emissões estimadas em toda a América do Sul tropical na segunda metade de fevereiro. As regiões mais afetadas foram o nordeste da Venezuela, Bolívia, o estado de Roraima no Brasil e a Colômbia”, afirma o observatório em nota. 

Destruição em larga escala  

Incêndio atinge Terras Indígenas, queima casas, mata animais e destrói plantações em todo o estado – Foto: Conselho Indígena de Roraima

Este é o pior incêndio registrado no estado nos últimos 25 anos. Além do prejuízo ambiental, há o material: Roraima está em chamas e o fogo destrói o que estiver ao alcance. Relatos indicam casas destruídas, plantações devastadas e a morte de animais carbonizados.  

A seca do Rio Branco, principal rio do estado, contribui para agravar o problema. Nesta quarta-feira, 28, o rio marcou – 0,15 centímetros, o que é considerado abaixo da média. Em uma das piores secas registradas no estado, em 2016, o volume de água ficou em – 59 centímetros. 

Os dados disponibilizados pelo INPE indicam que este é o pior fevereiro desde 1999, primeiro ano completo da série histórica de monitoramento iniciada no segundo semestre de 1998. Em comparação com todos os meses do ano, fevereiro de 2023 fica atrás apenas de março de 2019, que teve 2.433 focos.  

O município mais atingido em fevereiro é Mucajaí, com 365 focos de calor, seguido de Caracaraí (220) e Amajari (213). Além disso, municípios de Roraima ocupam 14 das 15 primeiras posições nos focos de calor catalogados entre janeiro e fevereiro deste ano. As cidades de Uiramutã, Normandia e Amajari, localizados ao Norte, decretaram situação de emergência devido à estiagem. 

Os incêndios atuais também atingiram Terras Indígenas em todo o estado, como a Yanomami, São Marcos e Raposa Serra do Sol.  

“Aqui na região o fogo saiu do controle, tivemos grandes áreas de mata queimadas, as pessoas perderam suas roças, plantações de bananas, mandioca entre outras produções, se não tivesse o empenho de todos uma das casas teria pegado fogo por inteira, aqui está bem crítico”, afirmou o líder da comunidade Bananal, Tecio Salim, da região São Marcos, município de Pacaraima, ao portal do Conselho Indígena de Roraima.  

Licenças emitidas em período crítico 

A organização ambiental Greenpeace Brasil chamou atenção para o fato de que, em meio aos números recordes de foco de calor, o estado de Roraima concedeu licenças para o uso de fogo, a maioria em área de pastagem.  

“Ao contrário de outras regiões do bioma, que tem um intenso período de chuvas entre dezembro e maio, Roraima está no período de seca, justamente por ser o estado localizado mais ao norte do país. Esse período, que já apresenta uma grande diminuição das chuvas, segue ainda mais intensificado esse ano pelo fenômeno El Niño, que ainda deixa seus efeitos na região. Por isso, é inaceitável que o governo estadual tenha concedido licenças para queimadas nessa situação, elevando os focos de calor na região, colocando em risco o meio ambiente e a saúde da população”, comentou o porta-voz do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista.  

O ciclo de queimadas, no entanto, foi suspenso pelo governo no último dia 21 por tempo indeterminado. 

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.

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