A decisão de Edson Fachin em relação às condenações de Lula, ainda reverbera. É que a partir do ato se colocou em cheque a parcialidade de Sérgio Moro na condução do processo. A suspeição do ex-juiz está sendo julgada pela Segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Ontem, o processo foi adiado depois do pedido de vista do ministro Nunes Marques.

Enquanto as repercussões ainda caminham, o fato é que Fachin restaurou os direitos políticos de Lula, que pode, até agora, ser candidato à presidência nas eleições de 2022. Mas essa decisão ainda não foi tomada, segundo o deputado federal Rubens Otoni (PT). Em entrevista à Rádio Sagres 730, o parlamentar citou Fernando Haddad, que foi candidato em 2018, como uma nome competitivo.

Ouça a entrevista na íntegra:

“Do ponto de vista político, nós vamos, com muita maturidade, trabalhar para buscar o melhor para o nosso país. Essa decisão fortalece o partido, que já se sentia fortalecido, porque tem um nome competitivo para as eleições de 2022, que é o Haddad. Em 2018 fizemos uma campanha bonita mesmo com fake News e Lula preso. Haddah está mais conhecido e Lula, podendo ser candidato, só reforça o time do PT e anima toda a militância”, afirmou.

Sobre a decisão de quem será o líder da chapa majoritária, o deputado ressaltou que a definição deve sair no final de 2021. “A discussão ainda está por fazer. Temos que fazer as definições na hora certa, dialogando com nossos aliados para não apenas disputar as eleições, mas para ganhar as eleições e mudar o rumo do país. Precisamos colocar o Brasil no caminho do desenvolvimento social. O foco nosso hoje é o Lula voltar para o centro político, tirar o país da crise e apontar soluções. Precisamos dar rumo para o Brasil e o Lula com certeza vai contribuir muito”, argumentou.

Otoni abordou o julgamento sobre a regularidade dos atos do então juiz Sergio Moro à frente de ações contra Lula que tramitaram no Paraná. Para o parlamentar, Moro era um juiz que combinava o “jogo” com uma das partes. “Moro não tinha amparo legal nenhum pra investigar e condenar o Lula. Qualquer aluno de direito minimamente informado e isento pode confirmar isso. A justiça do Paraná não tinha competência. E isso foi feito pra se conseguir um objetivo: impedir que Lula fosse candidato e jogar o Brasil nesse caos que vivemos hoje. Não tem teste, não tem UTI, não consegue controlar inflação. Temos 14 milhões de desempregados. A justiça não pode entrar no jogo político. Mas a discussão não é só se Moro tinha amparo legal. O que tem que se julgar é a parcialidade da justiça. Moro era um juiz que combinada o jogo com uma das partes. Isso era o óbvio pra nós. Não tem novidade nenhuma”, pontou.

O placar até o momento do julgamento sobre a suspeição de Moro é de 2 a 2. Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski votaram pela parcialidade de Moro no caso do triplex do Guarujá. O retorno do julgamento ainda não tem data marcada.

PEC EMERGENCIAL

A Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quarta-feira (10/3), em primeira votação, o texto-base da proposta de emenda à Constituição (PEC) Emergencial que viabiliza a retomada do auxílio emergencial e prevê mecanismos em caso de descumprimento do teto de gastos. Foram 341 votos a favor, 121 contrários e dez abstenções. Para concluir a votação, os deputados precisam analisar os destaques e votar a PEC em segundo turno. Foi convocada sessão deliberativa para esta quarta, às 10h, para votação dos destaques do primeiro turno e o segundo turno da proposta.

Para Rubens Otoni, a PEC, que começou a ser discutida em 2019, é uma forma de tentar passar um “pacote de maldades”. “Ela veio pra fazer um ajuste fiscal ao invés de fazer investimento público. Se fosse notícia boa não ia ser aprovado de madrugada. Estão penalizando ainda mais os municípios, tirando recurso da saúde e educação e de fundos já comprometidos. O auxilio emergencial é importante e nem depende de PEC. Ele é emergencial e se faz por meio de Medida Provisória, como no ano passado. A PEC faz o contrário: freia a possibilidade de fazer o auxílio emergencial. É um desastre total. O remédio que o governo tem pra economia é totalmente equivocado. Esse é um momento que precisamos de investimentos. Com ajuste fiscal não vamos sair nunca do atoleiro”, argumentou.