Em entrevista à Sagres 730 nesta quinta-feira (21) a secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué, estranhou os dados da Associação de Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) de que os leitos de UTI se esgotaram, uma semana depois de dizer que havia ociosidade de 80%. As informações da Ahpaceg foram publicadas nesta quinta pelo jornal O Popular, mas segundo ela, a ociosidade alegada anteriormente era de vagas para tratamentos e cirurgias eletivas e não para a covid.

“Quando Associação emitiu aquele comunicado, na semana passada, eu acredito que foi de certa forma infeliz, porque ele não foi detalhado. O que o presidente da Associação estava se referindo era aos leitos eletivos que estão ociosos, porque as cirurgias eletivas estão suspensas”, disse. “Essa ociosidade, pela conversa que tivemos antes da publicação, é que os leitos vazios eram exatamente os leitos de apartamentos e os leitos reservados para cirurgias eletivas, e não os leitos de UTI para pacientes graves”.

A secretária de Saúde explicou que no site do Ministério da Saúde, todos os hospitais são obrigados a informar qual é o número de internações que tem na unidade. “Nós temos acesso a todos os casos notificados, porque a notificação é compulsória, e nós fazemos uma busca ativa, então sabemos quantos pacientes estão internados em cada hospital com confirmação de coronavírus”, afirmou.

Fátima Mrué diz que tem o controle de todas as vagas disponíveis em Goiânia nas três redes (privada, municipal e estadual) e a ocupação está sob controle. Atualmente, de acordo com o Boletim Epidemiológico da Prefeitura de Goiânia há 135 pessoas hospitalizadas, 84 delas em UTI.

“No Portal da Transparência tem a taxa de ocupação dos leitos, o número total de leitos de UTI, o número que está ocupado e o número de leitos vagos”, disse. “Os leitos do setor público que estão ocupados com síndromes respiratórias, são 50% de ocupação nos leitos do Hospital das Clínicas e 83% de ocupação dos leitos da Maternidade Célia Câmara. Somando isso dá mais ou menos 66,5% dessa taxa de ocupação”.

Segundo Mrué, a taxa começa a ficar crítica quando ultrapassa 85%. “Essa é a taxa ideal de todos os leitos de UTI, se tiver menos que isso é porque tem leito sobrando, mas se tiver chegando a 90% é crítico, porque significa que o próximo paciente não vai ter o respirador, caso necessite”, afirmou. Ela afirmou que a taxa oscilando entre 85% a 70% há um monitorando dos casos, em um cenário que ultrapasse esse número, é necessário mais medidas restritivas para diminuir o número de casos.

Apesar de a ocupação da rede de saúde está tranquila, a secretária afirma que a previsão do pico da covid-19 em Goiânia ocorrerá apenas no final de junho. Ela destaca ainda que os casos estão em ascensão. No início da pandemia, foram necessários quase um mês para completar 100 casos. Atualmente, diz, registra-se cem casos a cada três dias. Por isso, ela observa que não é o momento de permitir a abertura das lojas que continuam fechadas.

De acordo com a secretária, em um cenário de controle da doença, esse pico traria aproximadamente uma necessidade de 1.500 leitos clínicos e 200 leitos de UTI. “Esse cenário de controle da doença ocorrerá se as pessoas conseguirem diminuir as aglomerações e cumprirem as normas de segurança”.

Esta é a segunda análise de crescimento da curva de contaminação da covid-19, na primeira investigação, a expectativa era que o pico seria no final de abril para maio, porém haviam menos de 50 casos e os dados não se tornaram fidedignos. “Nossa curva está deslocada para de direita, refizemos os cálculos porque hoje nós temos o número de casos que faz com que os dados se aproximem da realidade”, disse.

A capital teve mais duas mortes confirmadas pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, um total de 35. Além disso, 67 novos casos também foram confirmados neste período, o número de infectados pela covid-19 passou de 1.066 para 1.133. Segundo a Secretaria de Municipal de Saúde, há 437 pessoas curadas.

De acordo com a secretária Municipal de Saúde, dois fatores preocupam em relação à pandemia: a queda no isolamento social e o não uso de máscara. Ela aponta que a ausência desses fatores fazem com que a doença se espalhe e número de casos aumente, se tornando incompatível com a capacidade de assistência do município, principalmente em relação aos respiradores.

“O uso da máscara e o distanciamento social de aproximadamente 2 metros, entre uma pessoa e outra”, disse. “Essas duas medidas em conjunto são capazes de diminuir essa taxa de transmissão da doença para um nível de 1,5, ou seja, cada pessoa infecta uma pessoa e meia, então quando não há esse controle a taxa de infecção pode subir para 2,0 ou 3,0 e os casos surgem muito rapidamente”.