Um surto de Covid-19, em um abrigo para idosos em Anápolis, chamou a atenção nos últimos dias, diante do fato de que os idosos no local já haviam sido vacinados para a doença. Alguns grupos questionam a efetividade das vacinas em função do ocorrido. Mas, segundo o médico infectologista Marcelo Daher, em entrevista à Sagres, é normal que o coronavírus seja capaz de infectar vacinados, enquanto o vírus estiver com a circulação alta.

“O que a gente observa e já sabíamos disso, é que a vacina não dá proteção de 100%, ela não protege contra infecção, protege contra formas graves da doença. Todas as vacinas foram desenvolvidas para isso”, declarou.

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O médico afirmou que não consegue entender as teorias da conspiração criadas em torno da imunização, pois o Brasil precisa dela para diminuir as mortes causadas pela Covid-19. “A gente precisa ganhar força de vacinação, porque quando a gente freia transmissão, a gente freia o surgimento de novas variantes. Se a gente não fizer vacinação em massa, teremos o surgimento de variantes a todo momento”.

Cada corpo recebe a vacina de uma maneira, por isso, alguns ficam mais imunizados, com menos chances de se infectar com o coronavírus, enquanto outros acabam continuando suscetíveis. Por isso, a estratégia adotada é a da vacinação em massa: quanto mais pessoas estiverem imunizadas, menos o vírus circula e, consequentemente, mesmo quem não ficou completamente imune ou não vacinou se beneficia.

“A vacina protege. O que acontece é que dependendo da pessoa, a proteção vai ser maior ou menor. Não tenha dúvidas que a vacina protege, a estratégia está mostrando isso no mundo. Ou a gente vai ficar de braços cruzados vendo as pessoas morrerem por falta de leito hospitalar, por falta de UTI”.

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Ainda sobre as teorias criadas a respeito da vacinação, Marcelo afirmou que pode ser estratégia política. “Então, talvez, estejam trabalhando contra a vacina para tentar reverter tudo aquilo que foi dito, porque eles sempre falaram que a vacina não funcionava, que as pessoas virariam jacaré, várias coisas que não procedem”.

O médico voltou a confirmar a efetividade das vacinas, considerando que o surto causado no abrigo para idosos foi responsável pelo óbito de duas pessoas, sendo que no local há cerca de 80 idosos. “Quando a gente avalia que 14% dos idosos acima de 80 anos normalmente morrem, podemos afirmar que a proteção funcionou, a vacina foi uma barreira”.

Aumento de casos em Goiás

Há uma preocupação com uma nova onda de casos que possam surgir em Goiás, ou um repique da segunda onda. Marcelo contou que o número de casos positivos da Covid-19, que ele atende, já aumentou nos últimos dias e que, por isso, tem preocupação com o feriado prolongado de Corpus Christi. Segundo o médico, uma estratégia precisa ser pensada antes da data, porque depois pode ser tarde. “A gente vai ver, de novo, o que aconteceu em março, provavelmente, se medidas não forem adotadas”.

A evolução da doença ocorre em cerca de um mês. Primeiro os casos aumentam e cerca de 10 dias depois, o número de pedidos de leitos em enfermarias e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) também crescem, com o número de mortes subindo cerca de 1 mês após o registro dos casos.