Quatro dias depois do acidente entre um caminhão e um carro de passeio que resultou no vazamento de defensivos agrícolas no km 493 da GO-164, na Cidade de Goiás, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) continua tentando frear a contaminação da água do Rio Vermelho e mitigar danos ambientais causados pela ocorrência.

O acidente ocorreu por volta das 7h30 da última terça-feira (17). As duas pessoas que estavam no carro de passeio morreram. Já os dois ocupantes do caminhão estão hospitalizados. Segundo as investigações, a carga era roubada e, por consequência, não havia licença ambiental para o transporte do produto (como determina a lei).

De acordo com a Semad, a partir de embalagens encontradas no local do acidente, houve vazamento de volumes de Fipronil, Blavity, Fox xpro, Sphere Max e Orkestra SC, todos defensivos agrícolas altamente tóxicos. Na manhã deste sábado (21), constatou-se a morte de peixes no rio Vermelho. Ainda segundo a Pasta, choveu 35 mm na região, e é provável que a precipitação tenha levado defensivos para o leito, causando a mortandade dos animais.

“Com o volume de água do rio, logo esse produto químico se diluirá. Houve barreiras de contenção para evitar que esse produto químico fosse carreado para o rio, mas como a área é com declive acentuado, não foi possível reter totalmente esses resíduos e permitir que eles não fossem carreados para o rio. Mas a Semad continua monitorando, o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil, Polícia Civil, a Polícia Militar, estão todos empenhados nessa missão”, explica Maurício Veiga, da Semad, que trabalha no monitoramento da área.

Há equipes do Centro de Análises Ambientais e Laboratoriais (Ceamb) da Semad e a Saneago trabalhando no monitoramento de parâmetros de qualidade da água, e, por se tratar de um procedimento complexo, o resultado ainda não está pronto. Os responsáveis pela remoção já retiraram 95% dos resíduos sólidos, construíram barreiras no corpo hídrico e vão remover parte do solo contaminado. Por precaução, a Semad reforça a recomendação para os moradores não tomem banho ou utilizem água do Rio Vermelho, nem mesmo para alimentar outros animais.

Protocolos do acidente

A Semad afirma que foi comunicada a respeito do acidente duas horas depois de ele ocorrer, por volta das 9h30. Acionou então o protocolo de emergências ambientais, que prevê a comunicação imediata da Saneago, Defesa Civil e do Batalhão Especializado em Operações com Produtos Perigosos do Corpo de Bombeiros. Enviou também para o local uma equipe da gerência que cuida de emergências ambientais e outra do seu próprio Centro de Análises Ambientais e Laboratoriais (Ceamb).

Enquanto bombeiros trabalhavam na contenção e recolhimento de embalagens e frascos de defensivos, que foram acomodados em sacos “big bag”, e na remoção das ferragens para retirar o corpo de uma das vítimas fatais, a Semad usou a placa para chegar no responsável pelo caminhão, a quem cabe a obrigação legal de contratar uma empresa para atender a emergência ambiental.

Valendo-se do que diz a lei federal 6938, que atribui responsabilidade indireta aos fabricantes dos produtos vazados, a Semad acionou a BASF e a Bayer. Segundo a secretaria, ambas contrataram a Ambipar, que desde então trabalha no local.

Em nota, a Semad afirma ainda que continua a monitorar a região da GO-164 e a trabalhar no monitoramento da qualidade da água do rio Vermelho, mas reforça a orientação para que, por precaução, não utilizem água do rio para consumo, nem para banho. As sanções administrativas cabíveis ao caso serão aplicadas pela secretaria. Por fim, a Semad diz que se solidariza com as famílias e amigos das vítimas nesse momento de dor.

Com informações da Semad

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 14 – Vida na Água.

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