Apesar da liberação para o retorno das atividades nos centros de treinamento, a volta das competições no futebol brasileiro ainda é um cenário bastante incerto diante do aumento substancial de casos e óbitos no país. Eventualmente os eventos retornarão, porém com diversas mudanças. A presença de público nos estádios, por exemplo, é um debate levantado não só no Brasil, como nos países europeus, que em grande parte já retomaram seus campeonatos.
Segundo Murilo Reis, diretor de marketing do Vila Nova, em entrevista à Sagres 730, “é uma situação muito inusitada para nós que trabalhamos com futebol, porque o futebol é aglomeração. Na verdade, a nossa diretoria, especificamente, procura isso nos jogos: o objetivo é aglomerar, trazer público e fazer com que as pessoas venham para o estádio e consumam. Quando se depara com uma situação como essa, você acaba tendo pouca possibilidade e temos que usar muito a criatividade para não ficar no zero. Já fizemos ‘lives’, promoções, interações com sócios e virá muita coisa agora”.
Além da venda de ingressos antecipados, uma das ações recentes do setor de comunicação e marketing colorado foi convidar ex-jogadores e personalidades ligadas ao Vila Nova para movimentar as redes sociais do clube durante as transmissões de jogos antigos. De acordo com o dirigente, a visibilidade para a marca dos parceiros é o principal ponto positivo, uma vez que os patrocinadores atuais não estão tendo esse espaço com a falta de jogos e treinos.
“Em segundo lugar, são os torcedores que acabam se engajando e não deixando de seguir as nossas postagens. Essa interação é importante, já que não está tendo bola na rede e o torcedor sente falta dessa situação. É uma maneira de estarmos próximos dos torcedores e fazer com que eles, por exemplo, continuem pagando o seu sócio-torcedor, comprando o seu uniforme na loja oficial do clube e nos ajudando financeiramente de alguma forma para que sobrevivemos”, completou.
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Situação dos patrocínios
O diretor de marketing revelou que tem conversado a respeito de novos patrocínios e, “apesar do momento terrível que o mercado se encontra, temos excelentes parceiros e patrocinadores, e todos entendem a real situação do Vila Nova. Então pouquíssimos pediram a suspensão, e os que pediram entendemos perfeitamente os motivos, porque de fato a receita cessou. A Estadium, por exemplo, funciona através de apostas esportivas e não tem como cobrar o patrocínio de uma empresa que não está tendo receita”.
De qualquer forma, “temos um excelente relacionamento com todos e a maioria continua honrando seus compromissos conosco, o que está nos ajudando bastante nesse momento complicado, porque temos inúmeras famílias que estão atreladas ao clube, e não podemos desamparar essas pessoas que aqui trabalham. Então a receita que está vindo desses parceiros, e as que virão dos próximos que estamos negociando, ajudará muito para que o Vila sobreviva continuemos essa saga para voltar à Série B do Brasileiro”.
Para o Campeonato Goiano, o Vila Nova contava com onze marcas de patrocinadores estampadas no seu uniforme. Questionado sobre esses anúncios seguirem para o Campeonato Brasileiro da Série C, ainda sem data definida de início, Murilo afirmou que dois saíram por terem contrato apenas para o torneio estadual. Apesar disso, ressaltou que “vamos colocar outro no lugar. Claro que primeiro vamos tentar a negociar com eles, mas, caso não permaneçam, com certeza anunciaremos outros”.
Sócios e presença dos torcedores
Acerca do número de sócio-torcedores atualmente ligados ao Sou Tigrão, que eram entre 2 mil e 2,5 mil antes da suspensão das atividades, o dirigente colorado fez a ressalva de que “é normal dar uma abaixada em virtude da pandemia. Tem muitos torcedores que nos relatam que perderam seus empregos e não estão conseguindo sustentar suas famílias. Enfim, é uma situação muito crítica e caótica que o nosso país vive, e compreendemos”.
“De fato caiu a nossa adimplência e hoje temos entre 1.400 e 1.500 adimplentes, o que para nós é uma honra ter 1.400 pessoas acreditando no clube, na diretoria, enfim, na religião que é o Vila Nova. Agradecemos muito todos esses que contribuem mensalmente com o clube e pedimos para que eles que têm a possibilidade, porque sabemos que nem todos têm, mas o que tenham que faça o seu sócio. Você estará contribuindo demais com a evolução e a sobrevivência desse clube”, acrescentou.
Sobre contar com o estádio Onésio Brasileiro Alvarenga para os jogos do Campeonato Brasileiro, “a ideia é trazer a torcida o mais próximo possível do time, e acreditamos que a nossa casa é o melhor espaço para o Vila subir para a Série B novamente. Temos diversas possibilidades que o OBA nos traz, que são os bares e a loja, que agora tem um acesso pela parte de dentro do estádio”.
Apesar do estádio próprio dar mais opções de arrecadação, a presença dos torcedores nos estádios pode sofrer adaptações”. Apesar de ainda não ter discutido com a presidência do clube, Murilo Reis analisou que “tudo vai depender de como vai voltar. Se limitar percentual de público com a capacidade do estádio, é melhor ir para o Serra, porque 30% de 30 é melhor do que 30% de 10. O meu voto seria de ir para o Serra, em virtude dessa possibilidade de colocar mais pessoas”.
Uma situação ainda mais problemática seriam jogos de portões fechados, possibilidade admitida pela própria diretoria colorada. Para Murilo, “se não tiver público, dificilmente terá campeonato. Isso também é a minha opinião, não estou colocando a opinião do presidente ou da instituição, mas como você faz um campeonato deficitário como a Série C, que não tem receita de televisão, sem público? Como você consegue trazer visibilidade para o seu patrocinador e adquirir receita para pagar o seu jogador?”.
Confira na íntegra a entrevista de Murilo Reis à Sagres 730