Goiânia recebe no próximo domingo (30), o espetáculo musical “Shrek, além das diferenças: um conto de inclusão”. O conto que une arte e inclusão será às 17h, no Teatro FacUnicamps. O musical é uma realização do Núcleo de Arte e Inclusão do Autista (NAIA), associação de pais de autistas que possui uma forte veia cultural em sua existência.

Marcelo Oliveira, presidente do NAIA, disse que a escolha pelo Shrek, personagem clássico do cinema mundial, se deu pela recepção agradável do ogro pelos seus filhos e também porque eles sempre buscam temas que possibilitem falar da aceitação das diferenças.

“A gente já fez outros musicais como Rei Leão que tem uma peça que é renegada do grupo. O Shrek por ser diferente é exilado, ele vive isoladamente e trabalhamos essa aceitação, para enxergar que as diferenças têm suas belezas, acreditar no potencial de todo mundo. Então a gente sempre pega essas vertentes para trabalhar os potenciais dos nossos filhos”, contou.

Inclusão pela arte

Murilo Leal Rezende é o ator que interpreta Shrek no musical. Ele está nos palcos desde os seis anos e mostra com o seu trabalho que não é difícil para os autistas interpretar e idealizar os personagens e fazer cursos para musicais.

“Eu estou na Escola Basileu [França], se não me engano uma das melhores escolas quase do mundo, de Goiânia e do mundo, para eu continuar o meu caminho de estudos  na música e no teatro para renovar o que às vezes tem igualzinho nos musicais. O estudo do corpo, estudar também as falas sobre o que mostrar sobre o jeito que era do musical e agora para o teatro” disse. 

O elenco ensaiou por um ano para montar o espetáculo. Isso é importante porque para alguns como a atriz Daniela Menezes o palco é uma novidade. A atriz disse que a atuação no musical trouxe ganhos para o seu desenvolvimento pessoal e social, pois ela gostava de ficar “escondidinha no canto” e hoje já vê o que melhorou em sua vida.

“A interação social, subir no palco e perder um pouco a timidez, aprender a falar com as pessoas porque eu até me expresso bem, mas eu tenho dificuldade, eu fico nervosa, ansiosa e me perco bastante”, compartilhou. 

Inclusão para a vida

Marcelo contou que o musical é para o NAIA a cereja do bolo, apenas uma ponta do processo que começou há um ano com terapias e preparação para levar o elenco para essa apresentação no palco. O objetivo para os pais é muito maior que a apresentação do domingo. “O propósito do musical é aumentar o nível de autonomia deles ao máximo possível para a vida”, disse.

Ele contou que o musical foi idealizado por sua esposa, Osiene Almeida, que estudou faculdade de produção cênica. Osiene dirige o espetáculo e realiza as sessões de teatroterapia no NAIA, pois ela possui capacitação terapêutica em Análise Comportamental Aplicada (ABA).

“Ela se capacitou na saúde e na cultura e pega todas essas áreas e trabalha questões que são sensíveis para os meninos: baixa habilidade social, tempo de espera, lidar com imprevisto. E essas habilidades que são adquiridas ao longo do processo vão servir para a vida, eles vão lidar com um público de mais de mil pessoas e isso vai capacitar essa pessoa a ter um autocontrole para participar de uma entrevista de emprego”, afirmou.

Novas habilidades

O presidente do Núcleo ainda pontuou que as habilidades sociais adquiridas no processo vão ajudar nas relações interpessoais, seja em manter amizades ou relacionamentos amorosos, ou seja, em todas as áreas da vida. Por fim, todo o processo é feito para incluir os autistas no universo da arte e ao mesmo tempo prepará-los para a vida.

“É a representação do filme, o NAIA não faz musicais com adaptação para autistas porque a gente entende que temos que preparar os nossos filhos para a vida, para o mundo. Então ele tem um trabalho terapêutico para eles lidar bem com a luz e o som e produzir um espetáculo de alto rendimento”, contou.

Os ingressos estão disponíveis no portal sympla.com.br e custam até R$ 40.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 10 – Redução das desigualdades.

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