O estudo Transições críticas no sistema florestal amazônico alerta que a Amazônia pode ser transformada numa região seca e de vegetação rasteira. As mudanças na paisagem da floresta estão ficando cada vez mais irreversíveis e a sequência frequente de desmatamentos e queimadas dificultam a recuperação do bioma. A publicação da revista Nature indica um cenário de seca como o novo normal da Amazônia já em 2050.

Nathália Nascimento, autora do estudo, explicou ao portal Metrópoles como a devastação da Amazônia pode alterar o clima predominante do bioma, além disso, afetando todo o ecossistema e sua capacidade de produzir chuvas.

“O conceito de degradação florestal implica que a floresta deixa de funcionar. A floresta está ali em pé, mas os serviços que ela presta vão parar de funcionar, como sequestro de carbono, produção de umidade, diminuição da temperatura, habitat para outras espécies”, disse.

Comunidades da Amazônia

Os moradores da região amazônica, que compreende nove estados brasileiros, já sofrem com as alterações do clima e sofrerão ainda mais com a alteração ou ausência dos recursos que a floresta oferece. Nathália fez questão de apontar os impactos da degradação na biodiversidade, das espécies, na temperatura e nas adaptações dos seres humanos ao novo clima.

Uma das maiores preocupações dos cientistas é a redução da capacidade de chuvas na região, e o impacto dessa redução em biomas como o Cerrado e o Pantanal, o que mostra que as consequências vão se alastrar pelo país. Bernardo Flores, outro autor do estudo,  comentou a importância do ciclo chuvoso da floresta para ela mesma e para os demais biomas do país.

“A floresta recicla as chuvas que vêm pela atmosfera. Elas caem, a floresta manda de volta para a atmosfera uma quantidade enorme de água. Formam-se novas chuvas, e elas vão cair em outros lugares. Parte dessas chuvas caem dentro da Amazônia de novo, que mantém as florestas resilientes, e uma parte dessa chuva cai, principalmente, no Pantanal”, contou.

Consequências para humanos

Enquanto as queimadas, o desmatamento e o garimpo ilegal avançarem e destruirem ainda mais o bioma, o cenário é o de mudança do clima ao longo anos. No ano passado, com a união do fenômeno climático El Niño e o aquecimento das águas do Atlântico Norte, a região amazônica viveu uma das piores secas em muitos anos. 

“No lugar que tem mais água no mundo, que é a Amazônia, as pessoas passaram sede. Não imaginava que isso fosse possível na Amazônia, mas aconteceu em diversas partes. Isso foi só uma amostra do que está por vir, e vai ser muito pior”, afirmou Bernardo Flores.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.

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