A cidade chora a morte de mais quatro pessoas só nas últimas 24 horas. Uma delas de 16 anos. O fato é que o Estado não consegue conter o aumento da violência na região metropolita de Goiânia. Segundo dados da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH), no mês de julho, a cada dois dias duas pessoas foram assassinadas em Goiânia. Foram 58 homicídios na capital, 25 a mais que no mesmo período de 2012 e 70% a mais na comparação com o mês junho, quando foram registrados 34 casos. De janeiro a junho deste ano, em todas as regiões da cidade, 322 pessoas foram mortas.
{mp3}stories/audio/2013/AGOSTO/CIDADE_E_O_FATO_-_19_08{/mp3}
O que está por trás dessa violência crescente na cidade? A delegada Adriana Ribeiro, titular da DIH, acredita que o aumento da criminalidade esteja relacionado com a venda e uso de droga. Nos cálculos da delegada, 70% das mortes atingem pessoas vinculadas ao uso e ao tráfico de drogas e, mais notadamente, de crack.
Quem está morrendo? Segundo a polícia, principalmente pessoas que começam a usar o crack, perdem os vínculos com a sociedade e com a família por causa do vício, não têm como adquirir a droga e acabam se transformando em pequenos traficantes. Nesse grupo, se integra grande parte dos moradores de rua mortos desde o fim do ano passado. Mais de trinta até agora.
A violência em Goiás foi apontada pelo Mapa da Violência 2013, que colheu informações relacionadas a mortes no Estado entre 2001 e 2011. Houve um aumento de 100,9% no índice de homicídios em Goiás na década, enquanto o Distrito Federal teve aumento de 26,2% no período, Mato Grosso 0,9 e Mato Grosso do Sul 7,9%. Em todo país, o aumento foi de 8,9%.
A diferença gritante entre o aumento da violência em Goiás e nos demais Estados do Centro-Oeste mostra que a justificativa do uso e tráfico de droga – e o aumento do crack – não justificam o avanço da criminalidade em Goiás. O crack avança em todas as regiões e cidades do país sem distinção.
Tentar culpar a situação social, econômica e cultural de Goiás pelo o descontrole da criminalidade é fechar os olhos para as verdadeiras razões da violência. O Estado precisa fazer urgente a mea culpa e assumir sua responsabilidade sobre os números estarrecedores da violência em Goiás sob o risco de realmente perder o controle da segurança publica na região. Afinal, uma pedra não pode se sobrepor a capacidade do governo e garantir o princípio constitucional da proteção à vida de cada um e de todos.