Fraldários nos banheiros. Essa era uma demanda antiga do Coletivo de Mães da Universidade de Brasília (UnB) para a permanência das estudantes na unidade. Isso porque a Prefeitura instalou nesta semana 41 dispositivos nos sanitários femininos e masculinos. O investimento foi de R$ 70 mil. Além disso, mais 38 estarão disponíveis até o final de agosto.

A instalação dos fraldários ocorreu na terça-feira (28), primeiro dia de aula do semestre e exatamente no mês das mulheres. A representante do Coletivo e graduanda em Filosofia na UnB, Tcherry Félix, comemora.

O Coletivo de Mães da UnB está em constante diálogo com a administração superior para garantir a permanência das mulheres no ambiente universitário (Foto: Beto Monteiro/Ascom UnB)

“Isso que está acontecendo é uma conquista de todas nós. Deve ser comemorado e divulgado, porque pouquíssimas universidades têm essa estrutura, e que nos escutam e nos auxiliam como tem acontecido na UnB”, disse.

Tcherry Félix recorda que a instalação dos fraldários é uma iniciativa do Coletivo em conjunto com a reitora, que realizou um encontro com as mães em 2021.

“Nós fizemos uma carta com reivindicações, muito bem acolhida pela Universidade. Quero salientar a importância de ter uma reitora mulher, que foi mãe enquanto estudava. E a gente pode imaginar como foi para tantas mulheres que passaram por aqui.”

Mães estudantes

Com as filhas Sofia, sete meses, e Alice, cinco anos, a estudante Diana Valls passa boa parte do tempo na Universidade. Ela, entretanto, divide a agenda entre a graduação em Ciências Sociais e o mestrado em Psicologia.

“É bastante significativo inaugurar esses fraldários, inclusive nos banheiros masculinos. Um dia desses, vi uma mãe estudando e o pai com o bebê fora da sala esperando. Isso não é comum, mas é importante ter um espaço para que eles também possam cuidar das crianças em segurança”, disse Valls.

Integrante do Coletivo de Mães e mestranda em Educação na UnB, Isabelle Parcianello conferiu a inauguração dos fraldários, mesmo que não os utilize mais. Isso porque seu filho já cresceu.

“Na minha graduação, na Faculdade de Educação, a gente fez um ambiente acolhedor para as mães, mas, quando eu tinha que ter aula em outros espaços, era muito difícil, porque não havia estrutura. Que bom que agora [com os fraldários] outras mães poderão usufruir”, comemora.

Desafios

A secretária de Direitos Humanos da UnB, Deborah Santos, lembra dos desafios que enfrentou ao ser mãe no ambiente universitário. Ela ressalta, no entanto, o olhar da UnB para as reivindicações das mães, com o envolvimento de diversos setores administrativos, como a Secretaria de Infraestrutura e a Prefeitura.

“A gente só pode saudar que isso aconteça exatamente em um momento em que temos uma reitora mulher. Assim, percebemos o quanto falta a nossa representatividade nesses espaços para que a gente consiga que sejam percebidas as nossas necessidades”, analisa a secretária.

Reitora Márcia Abrahão com a pequena Sofia, de apenas sete meses (Foto: Beto Monteiro/Ascom UnB)


A reitora Márcia Abrahão conta que teve seus dois filhos enquanto cursava o mestrado e o doutorado na UnB.

“Não foi fácil. Todas nós, infelizmente, passamos por essa situação em diversos ambientes. Mas a Universidade de Brasília tem se esforçado para dar condições de permanência para as nossas estudantes e para os nossos estudantes”, afirma.

Outras ações


O auxílio-creche, o fim da proibição de mães permanecerem na Casa do Estudante e a obra da creche, feita com recursos de emenda parlamentar da bancada do DF, indicada pela deputada Paula Belmonte, são algumas das ações em curso na UnB.

“Está na minha mesa, para eu assinar hoje, a nossa Política de Prevenção e Combate ao Assédio Moral, Sexual, Discriminações e Outras Violências, construída coletivamente na UnB e aprovada pelo Conselho de Administração. É muito bom a gente poder comemorar essas ações no mês das mulheres”, afirmou a reitora.

“Ainda temos muito a fazer, a estrada é longa, mas cada passo que a gente dá é para comemorar mesmo. E servir de exemplo para outras universidades”, conclui.

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