Você já ouviu falar em vazio urbano? É como são chamados os espaços sem nenhuma construção e não qualificados como áreas livres no interior do perímetro urbano da cidade. São pedaços de terra sem uso, loteamentos que não realizam nenhuma função social.

Mesmo prestes a completar 100 anos em 2022, Aparecida de Goiânia ainda tem este tema como preocupação: a quantidade de vazios urbanos espalhados pelo segundo maior município do estado. Para entender o que esse quebra-cabeças incompleto representa hoje, é preciso voltar um pouco no tempo. É o que explica a coordenadora de projetos e orçamentos da Secretaria de Planejamento e Regulação Urbana de Aparecida.

“O município sofreu uma pressão grande e um processo de parcelamento que ocorreu até a década de 90, em que foram implantados a maioria dos loteamentos existentes hoje. E isso aconteceu de forma aleatória, segregada, e que gerou uma série de problema para o que a gente vem enfrentando até hoje”, contextualiza.

Vazios urbanos fazem com que as regiões de uma cidade fiquem desconectadas. Segundo a coordenadora, são problemas que envolvem desde os primeiros moradores até a infraestrutura de hoje. “A falta de preocupação e a continuidade do sistema viário, a falta de infraestrutura, os grandes vazios urbanos que foram se implantando. Infraestrutura a gente está falando não só de asfalto, água, esgoto, mas de equipamentos comunitários, de espaços de lazer, parques públicos. Somado a isso a gente ainda o tem o fato de que além da cidade ser nova, a maioria da população foi formada por migrantes”, enumera Gontijo.

Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Planejamento, existem hoje cerca de 202 mil lotes em Aparecida de Goiânia. Deste total, 40%, ou cerca de 82 mil espaços, não possuem qualquer tipo de edificação ou utilização. Para que a cidade seja reestruturada e tenha suas regiões conectadas, a atual gestão pensou em quatro eixos: mobilidade urbana, zoneamento, adensamento e qualificação da paisagem urbana, de modo a ocupar e trazer função social a esses espaços vazios.

“A gente sabe que a população tem as suas demandas, tem que colocar asfalto, energia. A gente precisa suprir as outras necessidades. É preciso dar espaço de lazer para essa população, qualificar a paisagem urbana, e estimular que mais pessoas usufruam daquele espaço, usufruam da cidade”, afirma.

Paralela à BR-153, a Avenida Jataí, ou W-1, é a maior de Aparecida de Goiânia (Foto: Google Street View)

Ações como a construção da Avenida Jataí, ou Avenida W-1, que liga o Jardim dos Buritis ao Jardim Bela Vista, são exemplos de como reestruturar o município e dar alternativas para quem precisa se deslocar pela cidade. “A gente tinha um imenso vazio naquela região. Atravessar a BR-153 é uma transposição complicada, até porque hoje ela tem mais características de uma avenida do que uma rodovia. As pessoas utilizam a rodovia para circular dentro da cidade, ou para sair ou vir de Goiânia para Aparecida”, argumenta.

Plano Diretor

O mecanismo que orienta a ocupação do solo urbano é o Plano Diretor, que deve ser discutido em conjunto com a sociedade. O segundo e último Plano Diretor de Aparecida de de Goiânia foi lançado em 2016. Atualmente, está em andamento a licitação da instituição que realizará o gerenciamento da elaboração do novo plano. A abertura do envelope com os resultados ocorrerá em julho deste ano.

Carolina Gontijo em entrevista à Sagres (Foto: Reprodução/Sagres TV)