Não é surpresa pra ninguém que o índice de desobediência às normas de prevenção à Covid-19 são altíssimos em todo o Brasil. Aqui em Goiás não é diferente. Por mais que os números mostrem uma explosão das internações e óbitos, o que se vê é descaso e desrespeito com a vida e com as medidas adotadas por nossos governantes para tentar frear a pandemia.

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Tem gente abrindo o comércio a meia-porta, tem gente fazendo festa clandestina, tem empresa que não promove o afastamento entre seus funcionários e, o pior, no transporte público, é um salve-se quem puder. Tá certo que muita gente precisa trabalhar, que nem todos podem se guardar em casa, mas tem muita gente que realmente não se importa com seu próximo e mantém um comportamento sociopata.

Quando não há conscientização, a saída é vigiar e punir, como escreveu Michel Foucault. E para falar sobre isso, conversei com o chefe de comunicação da Guarda Civil Metropolitana de Goiânia, o (   ) Saldanha. Afinal, como tem atuado a Guarda para reprimir o descumprimento das regras de proteção?

Desde o primeiro decreto, a GCM tem agido. A quantidade de adolescentes nas festas clandestinas é grande, o que tem representado um fator de contaminação muito alto. Assim como os guardas municipais, os agentes do meio ambiente e os fiscais de postura têm agido para coibir este tipo de aglomeração.

Na semana passada, discutimos o papel da bebida alcóolica como um agravante do desrespeito e do aumento da contaminação. Para Saldanha, as festas, distribuidoras de bebidas e bares são as principais aglomerações que a Guarda Civil tem encontrado. “Se não houver endurecimento das regras e fiscalização, não haverá melhora”, lamenta.

Em tempo: até agora, nove agentes faleceram de Covid-19 e dezenas de outros guardas foram afastados por conta da doença.

A GCM tem multado quem se aglomera, e muitas vezes conduz os autuados à Central de Flagrante e respondem pelo Art 268 do Código Penal, por desobedecer ordens do poder público em função de proliferação de doença contagiosa. Para se ter uma ideia, em Goiânia, há locais com alta reincidência de aglomeração. Infelizmente, os agentes da Prefeitura contam apenas com o instrumento de uma multa de R$ 110 para quem é pego aglomerado. Seja quantas vezes o mesmo cidadão for flagrado, a multa é sempre a mesma.

Esta multa foi proposta a ser de R$ 600, mas a Câmara de Vereadores entendeu que a população se conscientizaria dos riscos, e preferiu reduzir o valor. Pelo que parece, o baixo valor da multa não tem espantado os fanfarrões. Se dependesse do nosso agente Saldanha, esta multa subiria para R$ 2 mil! “Estamos enxugando gelo”, confessa.

Eu encerrei a entrevista com um pedido: que as forças políticas e sociais se unam para conscientizar e, se não for o suficiente, que reprima e puna quem coloca a vida das pessoas em risco.  Não é justo que a sociedade pague pela delinquência de uma minoria.

Até a próxima.

Programa na íntegra

Temas abordados:

– Como está o trabalho da Guarda Civil Metropolitana para coibir o desrespeito às normas de prevenção contra a Covid-19?   Link:

– A aglomerações mais recorrentes têm sempre o álcool como elemento presente.

 – Quais são as penas para quem desrespeitar as leis de prevenção contra a Covid-19?

– Quadro FPC – Faz Parte do Cenário: Punições e ações de outros países para exigir o cumprimento das leis.