Após manifestações com tom golpista no Feriado da Independência, no dia 7 de setembro, o presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), publicou uma Carta à Nação, em que se comprometia a respeitar as instituições do Brasil e afirmando que não teve intenção de “agredir quaisquer dos poderes”. Em entrevista à Sagres, o deputado federal Vitor Hugo (PSL) afirmou que o fato do presidente “dar um passo atrás” é uma “atitude grandeza”.

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“Agora, é preciso que todos deem um passo atrás. O STF (Supremo Tribunal Federal) tomou decisões que são extremamente criticáveis e que atingem atribuições constitucionais exclusivas de outros Poderes, como quando invalidou parte dos decretos de armas do presidente da República, decretos que estão dentro do seu âmbito regulamentar”, declarou.

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Diante do recuo do presidente, Vitor Hugo disse que torce para uma pacificação entre os Poderes. “Com a contrapartida de que cada Poder se contenha dentro das atribuições dos demais Poderes. Acho que esse é o fator que vai garantir que nossa democracia, que a nossa República tenha efetivamente direção e Poderes que se respeitam, sejam harmônicos e independentes entre si”.

O deputado federal reconheceu que os seguidores do presidente não aceitaram muito bem o recuo, mas que isso foi apenas inicialmente e que já foi superado. “Ficou muito claro que o presidente fez certo. Se a gente mantivesse também um clima de acirramento com STF, nós não teríamos, por exemplo, uma solução para a questão dos precatórios, não teríamos solução para a indicação do ministro André Mendonça para o STF, que depende do Senado, mas lógico que o STF tem influência sobre o voto dos senadores”.

Vitor Hugo defendeu ainda que Jair Bolsonaro não cometeu crime de responsabilidade ao dizer que não respeitaria decisões do Ministro Alexandre de Moraes. “O crime de responsabilidade seria o descumprimento de uma ação judicial, não a ameaça ou a fala”, declarou Vitor Hugo, que disse também que o julgamento dessa ação cabe ao Congresso Nacional e não ao STF.

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Partido para eleições 2022

O presidente Jair Bolsonaro ainda não escolheu um partido para se filiar e disputar as eleições em 2022. Vitor Hugo relatou que sem uma decisão de Bolsonaro, os deputados da base também ficam sem saber para qual partido irão. “Assim que ele definir para qual agremiação política ele vai, nós vamos tomar nossa decisão também, com 99,9% de chances de ser a mesma do presidente. A única coisa que vou fazer, claro, como todos farão, é uma avaliação política da situação concreta do partido no EStado”.

Representante do bolsonarismo em Goiás

O deputado federal Vitor Hugo evitou fazer previsões sobre possíveis candidatos ao governo de Goiás que poderiam ter o apoio do presidente Jair Bolsonaro, em função das incertezas do momento, como as regras eleitorais que estão no Congresso para votação e o fato do presidente ainda não ter escolhido um partido.

Porém, questionado sobre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o deputado deu um parecer negativo. “A base bolsonarista precisa ter um jogo muito claro, até porque as pessoas têm me procurado, conversado comigo, pessoas do agronegócio, da indústria, do comércio, as pessoas mais simples, empregados, autônomos, muitos, de várias entidades e associações falando sobre o desgaste que o governador teve ao longo do tempo, inclusive na última ida do presidente Bolsonaro a Goiânia. […] Tenho visto também um desgaste grande do Caiado na classe política, pessoas próximas dele começando a vislumbrar uma outra via, diante de uma configuração diferente e da falta de ligação dele com o presidente Bolsonaro”.

Assista a entrevista no Sagres Sinal Aberto: