Foto: Sagres 730
José Fernando e Michel Magul não se conheciam, mas têm algo em comum. Ambos oferecem tempo, disposição e energia como voluntários nas ONGs Centro de Valorização da Vida (CVV) e Vida à Vida, respectivamente. Magul e Fernando se conheceram no estúdio da Sagres 730 nesta quarta-feira (25), onde se encontraram para falar sobre o voluntariado.
Fundado em São Paulo em 1962, o CVV realiza apoio emocional e de prevenção de suicídio pelo telefone 188, pelo chat www.cvv.org.br/chat/ e pelo e-mail [email protected] . Em Goiás são 2 mil voluntários que atendem, em média, 10 mil ligações por dia. Parece muito, mas não é. Mensalmente, o CVV Goiânia deixa 2 mil ligações sem atendimento, por falta de voluntários para atender. Por isso, a entidade mantém campanha para adesão de mais colaboradores (quem tiver interesse pode entrar em contato pelo e-mail acima).
A ONG Vida à Vida nasceu de um pequeno grupo de voluntários com um trabalho no Jardim Cerrado. Já construiu uma creche para 120 crianças em Aparecida de Goiânia, uma quadra de futebol no Jardim Cerrado 7, distribui cestas básicas no bairro e trabalha com migrantes sírios, venezuelanos e haitianos. Os contatos com a entidade podem ser feitos pelo e-mail [email protected] .
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o número de brasileiros com algum tipo de distúrbio mental representa 5,8%, 12 milhões de pessoas sofrem de depressão. Esse é o maior índice da América Latina e a segunda das Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Estima-se que entre 20 e 25% da população teve, tem ou terá depressão, a doença psiquiátrica de maior existência no Brasil.
A segunda doença psíquica mais presente entre os brasileiros é a ansiedade, que afeta 9,3% da população, cerca de 19,4 milhões de pessoas. Isso faz com que o Brasil ocupe o primeiro lugar da lista de países mais ansiosos do mundo. Dentro dessa realidade o José Fernando, voluntário do CVV ressalta a necessidade de mais voluntários na instituição. “Os 4 mil voluntários que temos hoje é insuficiente para atender os 25 milhões de brasileiros ansiosos que precisam de ajuda”.
Em entrevista ao Manhã Sagres Fernando também descreveu que boa parte das pessoas que procuram ajuda no CVV sofrem violência e precisam pelo menos desabafar sobre o assunto. Outro assunto que ele destaca é o auto índice de suicídio entre jovens entre 15 e 29 anos. “Mata mais do que Aids e câncer. O suicídio é a segunda maior causa de mortes entre esses jovens”, relata.
“É muito importante que de alguma forma a gente enfrente o individualismo da gente e busque conversar, compartilhar o que está acontecendo, especialmente compartilhar a dor. Nós estamos acostumados a esconder as nossas dores, mas isso vai se acumulando como uma panela de pressão. Então, é importante que a gente fale com alguém”, destaca.
Uma pesquisa divulgada em 2018 pelo IBGE mostra um aumento na prática do voluntariado no Brasil. Os dados mostram que o trabalho voluntário foi praticado por 7,2 milhões de pessoas no país. Michel Magul, da ONG Viva à Vida, ressaltou que é reconhecível a procura do brasileiro em ajudar o próximo. “As pessoas tomam conhecimento sobre a ONG e nos procuram e nos ajudam e eventos. No Dia das Crianças deste ano, por exemplo, nós tivemos mais de 70 voluntários nos auxiliando”, relembra.
“Neste final de ano nós fizemos 2 mil cestas básicas, que conseguimos através do voluntariado. Além disso, levamos 30 crianças para conhecerem o shopping. Tudo isso através de doações voluntárias”, ressalta. A ONG Viva à Vida conta atualmente com 200 voluntários. “A uma corrente do bem em Goiânia. Há uma consciência em servir, em ensinar e prevenir as pessoas na construção social de participar do coletivo”, destaca.
Na entrevista, Magul fez questão de ressaltar a necessidade da proximidade do voluntário com as pessoas para salvar vidas. “A vida consiste em um laço psicológico, familiar e educacional. Então a ONG tem esse acompanhamento e esse envolvimento que nos permite sentir a dor e ao mesmo tempo querer a construção de uma família estruturada e aí está o grande ganho.”
