O Sol tem cerca de 5,5 mil graus Celsius queimando em sua superfície. Por dentro, no seu tamanho, que é 109 vezes maior que a Terra, a temperatura se eleva para 15 milhões de graus Celsius. Mesmo estando a cerca de 150 milhões de quilômetros do nosso planeta, a luz dessa grande estrela chega em praticamente qualquer lugar do planeta. Assista à reportagem a seguir

Então porque não transformar essa luz em energia elétrica? Foi o que pensou Alexandre Edmond Becquerel, um físico francês que descobriu o efeito fotovoltaico, em 1839. Depois de lá, diversos outros engenheiros e cientistas desenvolveram o que hoje conhecemos por usinas solares.
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Para a mestre na área de energia, Priscila Alves, a energia solar é importante por diversos fatores, como a crise hídrica enfrentada no Brasil e o aquecimento global.
“As nossas usinas hidrelétricas estão passando por períodos grandes de estiagem, e isso afeta na produção de energia elétrica. Há também o aumento na tarifa de energia elétrica e as questões ambientais, pois o tipo de energia fósseis que usamos colabora para o aquecimento global”, afirmou Priscila.
Marco histórico
A energia fotovoltaica está crescendo exponencialmente no Brasil. O mês de agosto, por exemplo, representou um marco histórico para o segmento, período em que o país ultrapassou a marca de 17 GW de potência instalada da fonte da energia solar. O levantamento é da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
Com esse número, a energia solar já representa 8,4% da matriz elétrica do país. Com isso, ela se tornou a terceira principal fonte de energia elétrica do território nacional, atrás somente da energia de usinas elétricas e eólicas.

A cada dia a energia solar se torna também mais acessível e tem recebido melhorias. O estudante de engenharia elétrica do Instituto Federal de Goiás, Lucas Gonçalves, 18 anos, desenvolveu uma placa de energia solar que contém um sensor capaz de encontrar a melhor posição para receber a luz do sol e assim mover a placa solar.
“Desenvolvi um projeto de um rastreador solar que tem o objetivo de seguir a maior potência do sol. Ele muda a posição da placa, vertical e horizontalmente, de acordo com a intensidade do sol. Com isso, ele também alimenta o próprio circuito, então ainda é autossustentável”, explica o estudante sobre a estrutura que foi construída com material de baixo custo, como peças recicladas e outras feitas em uma impressora 3D.
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Economia financeira
Além dos benefícios ao meio ambiente, a energia solar também colabora para a economia na conta de energia elétrica. É estimado que a economia seja em até 90%, dependendo da qualidade do equipamento e do consumo do cliente.
Mesmo em dias de pouca luz, o diretor comercial de uma empresa especializada na venda e aluguel de usinas solares, Jordan Jorge de Carvalho, explica que, diferente do que muitos acreditam, a energia solar não é gerada através do calor, mas sim da radiação transmitida pela luz do sol.
“Um dia muito quente é péssimo para o sistema porque o módulo fotovoltaico, que é um semicondutor. Esse aparelho eletrônico quando está na condição de uma temperatura alta, perde a eficiência da mesma forma que um celular que quando esquenta começa a travar” esclarece Jordan, que acrescenta que o clima ideal para gerar energia são os dias frios e com muita luz.
Durante a noite ou em dias de pouca luz, as usinas fotovoltaicas fazem uso do sistema off grid. Nele são utilizadas baterias para armazenar toda energia produzida durante o dia.
Sustentabilidade

A energia solar é renovável e inesgotável. Diferente dos combustíveis fósseis, os processo de geração de energia elétrica a partir da energia solar não emite dióxido de enxofre (S02), óxido de nitrogênio (NOx) e dióxido de carbono (CO2). Todos os gases poluentes têm efeitos nocivos à saúde humana e contribuem para o aquecimento global.
Conforme destaca a mestre na área de energia, Priscila Alves, a energia solar pode ser aplicada em diversos setores como no agronegócio. O produtor pode usá-la no sistema de bombeamento de água para o plantio e para o gado, irrigação de plantio.
“Temos o uso de tratores elétricos que podem ser abastecidos por meio de uma planta fotovoltaica. Temos usinas flutuantes colocadas em tanques pesqueiros ou reservatórios. São muitas possibilidades para os vários tipos de mercados”, aponta Alves.
Apesar da economia e dos benefícios ao meio ambiente, ainda é necessário aumentar a eficiência e baratear o custo da implantação de usinas fotovoltaicas. A luz do sol chega em qualquer lugar do planeta. O céu, ou melhor, o sol é o limite.
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Repense
Esta reportagem integra a série Repense Energia desenvolvida pelo Sistema Sagres de Comunicação com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos à sustentabilidade, produção e consumo, que estão conectados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 07 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Energia Acessível e Limpa”.