Em abril, o Ministério da Educação (MEC) conduziu um período de escuta de professores da alfabetização em escolas de todo o país. A iniciativa é uma das etapas entre as ações que visam gerar mudanças na Política Nacional de Alfabetização.

Durante o mês, o MEC ouviu cerca de 341 alfabetizadoras, atuantes nas cinco regiões brasileiras. Em 2021, de acordo com dados levantados pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), 40,8% das crianças brasileiras entre 6 e 7 anos não sabiam escrever.

Critérios

“É importante definir padrões de definição do que representa uma criança alfabetizada no final do 2º ano”, afirmou o ministro da educação, Camilo Santana, em fala durante evento de lançamento da proposta para o Alfabetiza Brasil.

O Ministério de Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), priorizaram a escuta de profissionais com bom reconhecimento em suas regiões. Segundo a pasta, essa é uma das estratégias para estabelecer padrões do que são boas práticas em alfabetização.

No país, a alfabetização também reflete as desigualdades existentes entre os diferentes estados. Além disso, durante o mesmo evento, Santana ressaltou que a distorção verificada nos resultados de alfabetização demonstra a ausência de uma política unificada, de abrangência nacional.

Alfabetiza Brasil

Segundo a superintendente da Educação Infantil do estado de Goiás, Giselle Faria, um bom professor alfabetizador é aquele que enxerga a sala de aula como um todo.

“Para mim é aquele que não deixa nenhum para trás, o que não é uma missão fácil”. destaca a representante da Seduc.

Ademais, ela explica ainda que é possível destacar eixos que serão trabalhados pelo Ministério ao longo do processo. Para Giselle, eles são indispensáveis para a condução efetiva da política. Principalmente, considerando a magnitude de um contexto amplo e diversificado, como é o caso brasileiro.

Eixos da política

“O eixo da gestão, já que precisamos de uma governança muito bem organizada a nível de governo federal, estadual e municipal, que devem estar bem articulados sobre o papel de cada um para a gestão de uma política de alfabetização”, pontua.

Além disso, Giselle ressalta a existência de um segundo eixo, focado na formação. Para ela, é indispensável que professores conheçam e compreendam as melhores formas de ensino para a escrita e leitura dos alunos.

“Qual é a melhor forma que eu tenho para ensinar todos os meus alunos?”, é a pergunta que, segundo a superintendente, deve nortear professores em todo o país. Sobre isso, ela destaca que decisões ligadas ao material didático também fazem parte da discussão.

“Precisamos criar materiais acessíveis para todos os alunos e produzidos pelos professores. Cada rede precisa ter um material produzido de acordo com a sua realidade”, defende.

Nesse mesmo contexto, a representante da Educação Infantil da Secretaria de Educação do Estado de Goiás, ressalta o eixo da infraestrutura. Nesse sentido, entre os principais problemas está a falta de vagas para Educação Infantil.

Por último, Giselle destaca o eixo da avaliação e do monitoramento. Assim, ações como as que estão sendo conduzidas atualmente, ligada às mudanças previstas para a Política Nacional de Alfabetização, são exemplos desse eixo na prática.

Alfabetização em Goiás

Para o período de escuta dos professores, o MEC definiu cinco capitais para a aplicação de questionários. Na região Centro-Oeste, a capital escolhida foi Brasília, no Distrito Federal.

“Nós não tivemos acesso à pesquisa, mas o grande objetivo dela é fazer uma grande avaliação voltada para o 2° ano. Mas, o desafio mesmo é saber o que esse país entende por ser alfabetizado e chegar em um consenso”, ressalta a representante.

De acordo com a representante da Educação Infantil, em breve serão apresentados resultados da avaliação em alfabetização para o governo estadual.

“Em Goiás, a nossa política de alfabetização acontece em quatro módulos, o que é feito junto com os municípios em regime de colaboração. Atualmente, todos os 246 municípios do estado fazem parte”, explica.

Proposta

De acordo com Giselle Faria, o Ministério de Educação (MEC) pretende convidar os estados brasileiros para integrarem o pacto pela alfabetização e construir uma política de suporte às diferentes redes.

“Tem estado que não tem avaliação ou material, por exemplo. Já outros, estão à frente, cada realidade vai demandar um tipo de apoio diferente, levando em consideração os desafios que têm para enfrentar”, explica.

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